Memórias de Christian






Primeira memória

Tenho três carros. Eles correm rápidos pelo chão. Muito rápidos. Um é vermelho. Um é verde. Um é amarelo. Gosto do verde. É o melhor. 
Mamãe gosta deles também. Gosto quando a mamãe brinca com os carros e comigo. O vermelho é o seu preferido. 
Hoje, ela está sentada no sofá olhando para a parede. O carro verde voa no tapete. O carro vermelho segue. Em seguida, o amarelo. Bateram! Mas mamãe não vê. Eu faço novamente. Bateram! Mas mamãe não vê. Miro o carro verde para seus pés. Mas o carro verde vai para baixo do sofá. 
Eu não posso alcançá-lo. Minha mão é muito grande para o espaço aberto. Mamãe não vê. Quero o meu carro verde. Mas a mamãe fica no sofá olhando para a parede. 
Mamãe. Meu carro. Ela não me ouve. Mamãe. Puxo sua mão e ela se deita e fecha os olhos. 
"Não agora, Maggot. Não agora", ela diz. 
Meu carro verde permanece embaixo do sofá. Ele está sempre embaixo do sofá. Posso vê-lo. Mas não posso alcançá-lo. Meu carro verde está camuflado. Coberto de pelo cinza e sujeira. Quero-o de volta. Mas não posso alcançá-lo. Nunca posso alcançá-lo. Meu carro verde está perdido. Perdido. E eu nunca poderei brincar com ele novamente.




Piano

"Posso falar livremente? Senhor." 
Leila está ajoelhado ao meu lado enquanto trabalho. "Pode." 
"O Senhor está mais melancólico hoje." 
"Estou?" 
"Sim, Senhor. Existe alguma coisa que você gostaria de me de fazer...?"



Bacons e waffles

Mamãe está feliz hoje. Ela está cantando. Cantando sobre o que o amor tem a ver com isso. E cozinhando. E cantando. 
Minha barriga ronca. Ela está cozinhando bacon e waffles. Eles cheiram bem. Minha barriga gosta de bacon e waffles. Eles cheiram tão bem. 



Lelliot

Seu nome é Lelliot. Ele é maior que eu. Ele ri. E sorri. E grita. E fala o tempo todo. Ele fala todo o tempo para a mamãe e o papai. Ele é meu irmão. 
Por que você não fala? Lelliot diz de novo e de novo e de novo. Você é estúpido? Lelliot diz de novo e de novo e de novo. 
Eu salto sobre ele e bato no seu rosto de novo e de novo e de novo. Ele chora. Ele chora muito. Eu não choro. Eu nunca choro. 
Mamãe está com raiva de mim. Eu tenho que sentar no degrau inferior. Eu tenho que sentar por mais tempo. Mas Lelliot nunca mais me pergunta por que eu não falo. Se eu faço a minha mão em um punho, ele foge. Lelliot está com medo de mim. Ele sabe que eu sou um monstro.



Sozinho

Mamãe foi embora. Às vezes, ela sai. E fico sozinho. Eu, os meus carros e meu cobertorzinho. Quando chega em casa ela dorme no sofá. 
O sofá é marrom e pegajoso. Ela está cansada. Às vezes eu a cubro com o meu cobertorzinho. Às vezes chega com algo para comer. 
Gosto desses dias. Temos pão e manteiga. E às vezes temos macrami e queijo. Esse é o meu favorito. 
Hoje a mamãe saiu. Eu brinco com meus carros. Eles correm rápido no chão. Minha mãe se foi. Ela vai voltar. Ela vai. 
Quando é que mamãe vai chegar em casa? Está escuro agora, e minha mãe se foi. Eu posso alcançar a luz quando ficando de pé no banco. Liga. Desliga.
Liga. Desliga. Liga. Desliga. Claro. Escuro. Claro. Escuro. Claro. 
Estou com fome. Como o queijo. Há queijo na geladeira. Queijo com pele azul. 
Quando é que mamãe vai chegar em casa? Às vezes, ela chega em casa com ele. Eu o odeio. Eu me escondo quando ele vem. Meu lugar favorito é no armário de minha mamãe. Cheira a mamãe. Cheira a mamãe quando ela está feliz. 
Quando é que mamãe vai chegar em casa? Minha cama é fria. E eu estou com fome. Eu tenho o meu cobertorzinho e os meus carros, mas não a minha
mamãe. Quando é que mamãe vai chegar em casa?



Maçãs

Elliot está correndo pela grama. Ele está rindo. Alto. Estou correndo atrás dele. Tenho um sorriso em meu rosto. Vou pegá-lo. 
Pequenas árvores nos rodeiam. Pequenas árvores cobertas de maçãs. Mamãe me deixa pegar as maçãs. Mamãe me deixa comer as maçãs. Eu coloco as maçãs em meus bolsos. Todos os bolsos. As escondo na minha camiseta. As maçãs tem gosto bom. As maçãs tem cheiro bom. Mamãe faz a torta de maçã. Torta de maçã e sorvete. Eles fazem a minha barriga sorrir. Eu escondo as maçãs no meu sapato. Eu as escondo debaixo do meu travesseiro. Há um homem. Vovô Trev-Trev-yan. O nome dele é difícil. Difícil dizer na minha cabeça. Ele tem outro nome. Theo-odoor. Theodore é um nome engraçado. 
As árvores pequenas são as suas árvores. Em sua casa. Onde ele mora. Ele é o pai da mamãe. Ele tem uma gargalhada. E grandes ombros. E os olhos felizes. Ele corre para pegar Lelliot e eu. 
Você não pode me pegar. Lelliot corre. Ele ri. Eu corro. Eu o pego. E nós caímos na grama. Ele está rindo. As maçãs brilham ao sol. E elas têm um gosto tão bom. Gostoso. E eles cheiram tão bem. Assim, tão bom. As maçãs caem. Eles caem em mim. Eu viro e elas batem as minhas costas. Picando-me. Ow.



Mia

"Esta é a sua irmãzinha, Christian. Seu nome é Mia". Mamãe me deixa abraçá-la. Ela é muito pequena. Com o cabelo preto, preto. Ela sorri. Ela não tem dentes. Ponho a minha língua para fora. Ela dá uma risada borbulhante. Mamãe me deixa segurar o bebê novamente. Seu nome é Mia. Eu a faço rir. Eu a seguro e a abraço. Ela está segura quando eu a abraço. 
Elliot não está interessado em Mia. Ela baba e chora. E ele franze o nariz quando ela faz um cocô. Quando Mia está chorando Elliot a ignora. Eu a seguro e a abraço e ela para. Ela adormece nos meus braços. 
"Mee a", eu sussurro. 
"O que você disse?" Mamãe pergunta, e seu rosto é branco como giz. 
"Mee a." 
"Sim. Sim. Querido menino. Mia. Seu nome é Mia." E a mamãe começa a chorar com lágrimas felizes, felizes. 



Torta feliz

Mamãe fica me olhando no espelho com a grande rachadura. Escovo o cabelo dela. É macio e cheira a mamãe e flores. Ela pega a escova e o vento passando em seus cabelos dando voltas e voltas. Então, é como uma cobra passeando por suas costas. Em seguida, ela diz. Virando-se e sorrindo para mim. Hoje, ela está feliz. Gosto quando a mamãe está feliz. Gosto quando ela sorri para mim. Ela parece muito bonita quando ela sorri. 
"Vamos assar uma torta, Maggot." 
Torta de maçã. Eu gosto quando a mamãe assa.



Mestra da dança

"Christian, segure-se em mim. Aí. Direito. Isso. Um passo. Dois. Ótimo. Siga o ritmo da música. Sinatra é perfeito para foxtrote.
Elena está em sua zona de conforto.
"Sim, senhora."
"Está certo. Mais uma vez. Um. Dois. Três. Quatro. Baby, você consegue." 
Elena e eu deslizamos através de seu porão.
"Mais uma vez". Ela ri, com a cabeça jogada para trás, e ela se parece com uma mulher com a metade de sua idade.





Maçãs e briga

"Não basta escolher as maçãs e guardar, idiota!" "Foda-se, você é um mané."
Elliot pega uma maçã, dá uma mordida, e joga em mim. "Maggot", ele provoca. Não! Não me chame assim.
Pulo nele. Batendo meus punhos em seu rosto. "Seu porco de merda. Isso é comida. Você está apenas jogando fora. Vovô vende estas. Seu porco. Porco. Porco."
"ELLIOT. CHRISTIAN". Papai me arrasta de cima de Elliot, que está encolhido no chão. "O que é isso?"
"Ele é louco." 
"Elliot!" 
"Ele está destruindo as maçãs." 
Raiva aumenta no meu peito, na minha garganta. Acho que poderia explodir. 
"Ele está dando uma mordida e, em seguida, jogando fora. Jogando em mim." 
"Elliot, isso é verdade?" Elliot fica vermelho sob o olhar duro do meu pai. "Eu acho que é melhor você vir comigo. Christian pegue as maçãs. Você pode ajudar a mamãe assar uma torta".



Escondido

Mamãe se foi. Eu não sei onde. Ele está aqui. Ouço suas botas. Elas são botas altas. Elas têm fivelas de prata. Ele chuta forte. Ele anda. Ele grita. Estou no armário da mamãe. Escondido. Ele não vai me ouvir. Eu posso ficar quieto. Muito quieto. Quieto, porque eu não estou aqui. 
"Sua puta!", ele grita. Ele grita muito. "Você puta de merda!" Ele grita com a mamãe. Ele grita comigo. Ele bate na mamãe. Ele me bate. Ouço a porta fechar. Ele não está mais aqui. E a mamãe se foi, também. 
Vou ficar no armário. No escuro. Estou muito quieto. Sento-me por um longo tempo. Um longo, longo, longo tempo. Onde está a mamãe?



Submissão

"É assim que você vai estar comigo. Você entende?" "Sim, Senhora."
Ela corre uma unha escarlate em meu peito. Vacilo e puxo contra as restrições enquanto a escuridão, queima minha pele ao toque dela. Mas não faço nenhum som. Não me atrevo. 
"Se você se comportar, eu vou deixar você gozar. Na minha boca." Porra. "Mas ainda não. Temos um longo caminho a percorrer antes disso." 
A unha arde pela minha pele, partindo do meu esterno ao meu umbigo. Quero gritar. Ela pega meu rosto, apertando abrindo minha boca e me beija. Sua língua exigente e molhada. 
Ela brande o chicote de couro. E eu sei que isso vai ser difícil de suportar. Mas mantenho o foco no prêmio. Foder sua boca. Quando a primeira chicotada vem e marca minha pele, congratulo-me com a dor e o aumento da endorfina. 



IPod

"Senhor, esta submissa pede respeitosamente o iPod do Mestre." 
Olho para longe da planilha que estou lendo e observo quando ela se ajoelha ao meu lado, seus olhos baixos. Ela tem sido excepcional neste fim de semana. Como posso recusar? 
"Claro, Leila, pegue. Acho que está no carregador." "Obrigado, Mestre", ela diz, e está em sua forma habitual, sem olhar para mim. 
Boa garota. E usando apenas sapatos de salto alto vermelho, ela oscila para o carregador do iPod e coleta sua recompensa.




De Leila a Ana

Leila está chupando meu pau com a boca. Sua boca hábil. Suas mãos estão atadas atrás das costas. Seu cabelo trançado. Ela está de joelhos. Olhos baixos. Modesta. Sedutora. Não me olha. E de repente ela é Ana. Ana de joelhos diante de mim. Nua. Linda. Meu pau em sua boca. 
Mas os olhos de Ana estão nos meus. Seus ardentes olhos azuis veem tudo. Me vê. Vê minha alma. Ela vê a escuridão e o monstro escondido. Seus olhos se alargam de horror e de repente ela desaparece.



Mais surras

Mamãe não pode me ver. Estou na frente dela. Ela não pode me ver. Está dormindo com os olhos abertos. Ou doente.
Ouço um chocalho. Suas chaves. Ele está de volta. Corro e me escondo encolhido debaixo da mesa na cozinha. Meus carrinhos estão aqui comigo. 
Bang. A porta bate fechando, e me fazendo pular. Por entre os dedos, vejo mamãe. Ela vira a cabeça para vê-lo. Então ela está dormindo no sofá. 
Ele está usando suas grandes botas com fivelas brilhantes e de pé inclinando-se sobre a mamãe grita. Ele bate na mamãe com um cinto. "Levante-se! Levante-se! Você é uma puta fodida. Você é uma puta fodida." 
Mamãe dá um grunhido. Um lamento. 
Pare. Pare de bater mamãe. Pare de bater mamãe. Corro para ele e bato nele e eu bato nele e bato nele. Mas ele ri e me bate no rosto. "Não!" Mamãe grita. "Você é uma puta fodida." Mamãe se encolhe. Pequena como eu. De repente ela não se mexe. "Você é uma puta fodida. Você é uma puta
fodida. Você é uma puta fodida." 
Estou debaixo da mesa. Coloco os dedos em meus ouvidos e fecho os olhos. O som para. 
Ele se vira e posso ver suas botas quando ele vem para a cozinha. Ele traz o cinto, batendo-o contra sua perna. Ele está tentando me encontrar. Ele se inclina e sorri. Ele tem cheiro desagradável. De cigarro, bebida e sujeira. 
"Aí está você, seu merdinha."



Sorriso quebrado

Mamãe está bonita hoje. Ela se senta e me deixa escovar seu cabelo. Ela me olha no espelho me dando seu melhor sorriso. O sorriso mais bonito para mim. 
Há um barulho alto. Um acidente. Ele está de volta. Não! 
"Onde diabos você está, cadela? Tenho um amigo necessitado aqui. Um amigo com dinheiro." 
Mamãe se levanta pega a minha mão e me empurra para seu armário. Sento em seus sapatos e tento ficar quieto e tapar os ouvidos e fecho os olhos com força. As roupas tem o cheiro da mamãe. Gosto do cheiro dela. Gosto de estar aqui. Longe dele. 
Ele está gritando. "Onde está o maldito anão?" Ele agarra meu cabelo e me puxa para fora do armário. "Não quero que você estrague a festa, seu merdinha." 
Dá um tapa forte no rosto da mamãe. "Torne isso bom para o meu amigo e você recebe a sua recompensa, cadela." 
Mamãe olha para mim e ela chora. Não chore, mamãe. Outro homem entra na sala. Um grande homem com o cabelo sujo. O grande homem sorri para a mamãe. Estou sendo puxado para o outro quarto. Ele me empurra para o chão e eu machuco meus joelhos. 
"Agora, o que eu vou fazer com você, seu pedaço de merda?" Ele tem um cheiro desagradável. Ele tem cheiro de cerveja e ele está fumando um cigarro. 



Ilusão

Estamos transando. Fodendo com força. Contra a porta do banheiro. Ela é minha. Enterro-me dentro dela, uma e outra vez. Gloriosamente nela: a sensação dela, seu cheiro, seu gosto. Empunhando minha mão em seu cabelo, segurandoa no lugar. Segurando sua bunda. Suas pernas em volta da minha cintura. Ela não pode se mover; ela está atada a mim. Envolvida em torno de mim como seda. Suas mãos puxando meu cabelo. Ah sim. Estou em casa, ela está em casa. Este é o lugar que eu quero estar... dentro dela... Ela. É. Minha. 
Seus músculos estão me apertando quando ela goza, apertando ao redor de mim, a cabeça jogada para trás. Goza pra mim! Ela grita e eu obedeço... oh, sim, minha doce, doce Anastasia. 
Ela sorri, sonolenta, saciada e, oh, tão sexy. Ela se levanta e olha para mim, aquele sorriso brincalhão em seus lábios, em seguida, me empurra e andando para trás, sem dizer nada. 
Agarro-a e estamos na sala de jogos. Estou segurando-a sobre o banco. Levanto meu braço para puni-la, cinto na mão... e ela desaparece. Ela está ao lado da porta. Seu rosto branco, chocado e triste, e ela está se afastando em silêncio... A porta desaparece, ela não vai parar. Ela estende suas mãos em súplica. 
"Junte-se a mim", ela sussurra, mas ela está se caminhando para trás, ficando mais fraca... desaparecendo diante dos meus olhos... desaparecendo... ela se foi. 
"Não!" Eu grito. "Não!" Mas eu não tenho voz. Eu não tenho nada. Eu estou mudo. Mudo... de novo.



Mais lembranças

Ele se foi. Mamãe está sentada no sofá. Ela está calma. Ela olha para a parede e, pisca várias vezes.
Estou na frente dela, mas ela não me vê. Aceno e ela me vê, mas ela me manda embora. "Não, Maggot, não agora." 
Ele fere a mamãe. Ele me machuca. Eu o odeio. Ele me deixa louco. É melhor quando somos só mamãe e eu. Ela é minha então. Minha mamãe. 
Minha barriga dói. Estou com fome novamente. Estou na cozinha, procurando biscoitos. Puxo a cadeira até o armário e subo.
Encontrar uma caixa de biscoitos. É a única coisa no armário. Sento-me na cadeira e abro a caixa. Há dois ainda. Eu os como. Eles têm um gosto bom. 
Eu o ouvi. Ele está de volta. Pulo e corro para o meu quarto e subo na cama. Finjo estar dormindo. Ele me cutuca com o dedo. "Fique aqui, seu merdinha. Vou foder a puta da sua mãe. Não quero ver a sua cara feia o resto da noite. Entendeu?" Ele dá um tapa em meu rosto quando não respondo. "Ou começo a queimar você, sacaninha." 
Não. Não, não gosto disso. Não gosto das queimaduras. Isso dói. 
"Entendeu, retardado?" Sei que ele quer que eu chore. Mas é difícil. Não posso fazer o barulho. Ele me dá um soco.



Morte de Ella

Mamãe! Mamãe! Mamãe está dormindo no chão. Ela dorme há muito tempo. Tento acordá-la. Não acorda. Chamo-a. Ela não acorda. Ele não está aqui e mamãe ainda não acorda. 
Tenho sede. Na cozinha, puxo uma cadeira até a pia e bebo água. A água espirra em minha camiseta. Minha camiseta está suja. Mamãe ainda está dormindo. 
Mamãe, acorda! Ela ainda dorme. Ela está fria. 
Vou buscar o meu cobertorzinho e cubro mamãe e deitando no tapete verde pegajoso ao lado dela.
Minha barriga dói. Estou com fome, mas a mamãe ainda está dormindo. 
Tenho dois carros de brinquedo. Um vermelho. Um amarelo. Meu carro verde está desaparecido. Eles correm pelo chão, onde mamãe está dormindo.
Acho que mamãe está doente. Procuro algo para comer. Na geladeira encontro ervilhas. Elas estão congeladas. Mastigo-as lentamente. Elas fazem a minha barriga doer. 
Durmo ao lado da mamãe. As ervilhas acabaram. Na geladeira tem alguma coisa. Tem cheiro engraçado. Como deslizando minha língua várias vezes. Comendo lentamente. Tem um gosto desagradável. Bebo um pouco de água. Brinco com meus carros e durmo ao lado de mamãe. 
Mamãe está tão fria e ela não está acordando. A porta se abre. Cubro a mamãe com o meu cobertorzinho. 
"Porra. O que diabos aconteceu aqui? Ah, cadela louca fodida. Merda. Porra. Saia do meu caminho, seu merdinha." Ele me chuta e bato com a cabeça no chão. 
Minha cabeça dói. Ele chama alguém e vai embora. Ele tranca a porta. Deito ao lado de mamãe. Minha cabeça dói. 
A policia está aqui. Não. Não. Não. Não me toque. Não me toque. Não me toque. Grito pela mamãe. Não. Fique longe de mim. A policial feminina pega meu cobertorzinho e me agarra. Grito. Mamãe. Mamãe. As palavras somem. Não posso dizer as palavras. Mamãe não pode me ouvir. Não tenho palavras.



Nova família

A médica não me toca. 
"Não vou te machucar. Preciso verificar sua barriga. Aqui." Ela me dá uma coisa redonda gelada e me deixa brincar com ela. "Você coloca em sua barriga, não vou tocar em você e eu posso ouvir sua barriga."
A médica é boa... a médica é mamãe.
Minha nova mãe é bonita. Ela é como um anjo. Um médico anjo. Ela acaricia meu cabelo. Gosto quando ela acaricia meu cabelo. 
Ela me deixa comer sorvete e bolo. Ela não grita quando encontra pão e maçãs escondidas nos meus sapatos. Ou debaixo da minha cama. Ou debaixo do meu travesseiro. 
"Querido, a comida está na cozinha. Basta pedir a mim ou para o papai quando estiver com fome. Aponte com o dedo. Você pode fazer isso?" 
Há um outro menino. Lelliot. Ele é mau. Então eu bato nele. Mas a minha nova mamãe não gosta de luta. 
Há um piano. Gosto do barulho. Estou ao piano e pressiono as teclas brancas e pretas. O ruído das pretas é estranho. 
Senhorita Kathie senta-se ao piano comigo. Ela ensina as notas pretas e brancas. Ela tem longos cabelos castanhos e se parece com alguém que conheço. Ela tem cheiro de flores e torta de maçã. Cheira bem. Faz o piano soar bonito. Ela é boa para mim. 
Ela sorri e eu toco. Ela sorri e estou feliz. Ela sorri e ela é Ana. Ana Bela, sentada comigo enquanto toco uma toccata, um prelúdio, um adagio, uma sonata. Ela suspira, descansando a cabeça no meu ombro, e sorri. 
"Adoro ouvir você tocar, Christian. Eu amo você, Christian."
Ana. Fica comigo. Você é minha. Eu também te amo.




A partir daqui, parte 2



Queimaduras



Aí está você, seu merdinha.
Não. Não. Não. A queimadura, não.
Mamãe! Mamãe!
Ela não consegue ouvir, seu verme de bosta.
Ele agarra meu cabelo e me puxa de debaixo da mesa da cozinha.
Ai. Ai. Ai.
Ele está fumando. O cheiro. Cigarro. É um cheiro nojento. Como algo
velho e podre. Ele está sujo. Feito lixo. Esgoto. Está bebendo alguma coisa marrom. Direto da garrafa.
E mesmo que conseguisse, ela não dá a mínima, grita.
Ele sempre grita.
Ele me dá um tapa no rosto. E outro. E outro. Não. Não. Luto contra ele. Mas ele ri. E traga o cigarro outra vez. A ponta brilha num tom vermelho-alaranjado.
A queimadura, diz ele.
A dor. A dor. A dor. O cheiro.
Queima. Queima. Queima.
Dor. Não. Não. Não.
Eu urro.
Urro.
Mamãe! Mamãe!
Ele ri sem parar. Faltam-lhe dois dentes.




Harvard



A julgar pela sua postura, sei que você tem algo para me contar.
Ouso levantar o olhar para Elena, cujos lábios vermelhos formam
um sorriso. Ela cruza os braços, o açoite na mão.
Sim, senhora.
Você tem permissão para falar.
Consegui uma vaga em Harvard.
Ela me dirige um olhar irritado.
Senhora — acrescento rapidamente, então encaro meus pés.
Entendo.
Ela anda ao meu redor. Estou nu no seu porão. O ar frio da primavera acaricia minha pele, mas é a antecipação do que está por vir que deixa todos os meus pelos arrepiados. Isso e o cheiro do seu perfume caro. Meu corpo começa a reagir. Ela ri.
Controle-se! — grita, e o açoite golpeia minhas coxas.
E eu tento, de verdade, controlar meu corpo.
Se bem que talvez você deva ser recompensado por bom comportamento — ronrona ela.
E me bate novamente, dessa vez no peito, porém com menos força, mais como uma brincadeira.
É uma conquista e tanto entrar em Harvard, meu querido bichinho de estimação.
O açoite corta o ar outra vez, queimando minhas nádegas, e minhas pernas estremecem.
Parado — alerta ela.
E me recomponho, aguardando o próximo golpe.
Então, você vai me deixar — sussurra, e o açoite atinge minhas costas.
Arregalo os olhos e a encaro, assustado.
Não. Nunca.
Olhe para baixo — ordena ela.
Eu olho para os meus pés enquanto o pânico me domina.
Você vai me deixar e ficar com uma universitariazinha.
Não. Não.
Ela agarra meu rosto, as unhas penetrando minha pele.
Você vai.
Seus gélidos olhos azuis queimam os meus, os lábios vermelhos contorcidos num sorriso de desdém.
Nunca, senhora. Ela ri e me empurra, erguendo a mão.
Mas o golpe não vem.
Quando abro os olhos, encontro Ana na minha frente. Ela acaricia meu rosto e sorri.
Eu amo você — diz.





Início do império



— Você o quê?
Grace faz cara feia para mim, exaltada.
— Quero largar. Vou abrir minha própria empresa.
— De quê?
— Investimentos.
— Christian, o que você sabe sobre investimentos? Precisa terminar a
faculdade.
— Mãe, eu tenho um plano. Acredito que consigo fazer isso.
— Olha, filho, esse é um passo enorme que pode afetar todo o seu futuro.
— Eu sei, pai, mas não aguento mais. Não quero morar em Cambridge por mais dois anos.
— Peça transferência. Volte para Seattle.
— Mãe, não é por causa do lugar.
— Você só não encontrou seu nicho.
— Meu nicho é no mundo real. Não na faculdade. É sufocante.
— Você conheceu alguém? — pergunta Grace.
— Não — digo, mentindo com facilidade.
Conheci Elena antes de ir para Harvard.
Grace semicerra os olhos, e as pontas das minhas orelhas queimam.
— Não podemos apoiar esse gesto irresponsável, filho.
Carrick está incorporando totalmente o papel de pai pomposo e escroto, e tenho medo de que ele vá começar o típico sermão de “estudar muito, trabalhar muito, pôr a família em primeiro lugar”.
Grace enfatiza o que quer dizer:
— Christian, você está apostando o resto da sua vida.
— Mãe. Pai. Está feito. Sinto muito por decepcionar vocês de novo.
Minha decisão já foi tomada. Só estou informando vocês.
— Mas e a quantia já paga?
Minha mãe está retorcendo as mãos.
Merda.
— Vou pagar a vocês.
— Como? E como é que você vai abrir um negócio, meu Deus? Precisa de
capital.
— Não se preocupe com isso, mãe. Está resolvido. E vou pagar a vocês. — Christian, querido, não é o dinheiro que importa…




Susannah


— Você queimou isso?
— Sim. Desculpe, senhor.
— Bom, o que vamos fazer com você?
— O que agradar ao senhor.
— Você queimou a comida de propósito?
O rubor e o movimento dos lábios quando ela esconde o sorriso são suficientes como resposta.




Baile de formatura 



— Fique parado — diz Elena com rispidez.
— Sim, senhora.
Estou na frente dela, me arrumando para o baile de formatura. Falei para os meus pais que não iria, porque ia visitar alguém. Vai ser nosso baile particular. Só Elena e eu. Ela se mexe, e ouço a seda cara roçando e sinto o cheiro provocante do perfume dela.
— Abra os olhos.
Obedeço. Ela está parada atrás de mim, e estamos de frente para um espelho. Eu olho para ela, não para o garoto idiota parado a sua frente. Ela segura as pontas da minha gravata-borboleta.
— E é assim que se faz.
Lentamente, ela mexe os dedos. As unhas são vermelhas. Eu observo.
Fascinado.
Ela puxa as pontas, e estou usando uma gravata-borboleta respeitável.
— Agora, vamos ver se você consegue. Se conseguir, vou recompensá-lo.
Ela abre o sorriso secreto de “sou sua dona”, e sei que vai ser bom.







Aqui, garoto, diz vovô Trev-yan. Você não fala muito, não é?
Balanço a cabeça. Não. Eu não falo nada.
Não tem problema. As pessoas aqui falam demais. Quer me ajudar no
pomar?
Faço que sim. Gosto do vovô Trev-yan. Tem olhos gentis e uma
gargalhada alta. Ele oferece a mão, mas enfio as minhas embaixo dos braços.
Como quiser, Christian. Vamos fazer algumas macieiras verdes
produzirem maçãs vermelhas.
Eu gosto de maçãs vermelhas.
O pomar é grande. Tem árvores. E árvores. E mais árvores. Mas são árvores pequenas. Não grandes. E não têm folhas. Nem maçãs. Por causa do inverno. Estou com botas grandes e um chapéu. Gosto do meu chapéu. Me deixa aquecido.
Vovô Trev-yan olha para uma árvore.
Está vendo essa árvore, Christian? Ela produz maçãs verdes azedas. Mas
podemos enganar a árvore para que produza maçãs vermelhas e doces para nós. Esses galhos são da macieira vermelha. E aqui está minha tesoura de podar.
Tesoura de po-dar. É afiada.
Quer cortar este?
Concordo com a cabeça.
Vamos transplantar esse galho que você cortou. Chama-se enxerto.
En-xerto. En-xerto. Pronuncio a palavra em pensamento. Ele pega uma
faca e afia uma ponta do galho. Então corta um galho da árvore e enfia o en-xerto no corte.
Agora, nós prendemos com fita.
Ele pega fita verde e amarra o galho no tronco.
E colocamos cera de abelha derretida no buraco. Aqui. Pegue este pincel.
Com firmeza. Isso mesmo.
Nós fazemos muitos transplantes.
Sabe, Christian, a maçã só fica atrás da laranja como a fruta mais
valiosa plantada nos Estados Unidos. Mas, aqui em Washington, não temos sol suficiente para laranja.
Estou com sono.
Cansado? Quer voltar para casa?
Faço que sim.
Nós trabalhamos muito. Esta árvore vai ficar cheia de maçãs vermelhas e doces quando o outono chegar. Você pode me ajudar a colhê-las.
Ele sorri e estica a mão, que eu seguro. É grande e áspera, mas quente e gentil.
Vamos tomar chocolate quente.







— Filho, tenho uma coisa para você.
— O quê?
Estou no escritório de Carrick, esperando levar uma bronca. Por qual motivo, não sei. Espero que ele não tenha descoberto sobre a Sra. Lincoln.
— Você parece mais calmo, mais controlado, mais você mesmo
ultimamente.
Concordo, torcendo para a minha expressão não revelar nada.
— Estava olhando uns arquivos antigos e encontrei isto.
Ele me entrega uma foto em preto e branco de uma jovem triste. É como
um soco no estômago.
A prostituta drogada.
Ele observa minha reação.
— Nos deram isso na época da adoção.
— Ah — consigo dizer com um nó na garganta.
— Achei que você pudesse querer ver. Você a reconhece?
— Sim. — A resposta sai com dificuldade.
Ele assente, e sei que tem mais alguma coisa a dizer.
O que mais seria?
— Não tenho nenhuma informação sobre seu pai biológico. Até onde sei,
ele não fazia parte da vida da sua mãe de nenhuma maneira.
Ele está tentando me contar alguma coisa… Não era a porra do cafetão
dela?
Por favor, diga que não era ele.
— Se você quiser saber qualquer outra coisa… estou aqui.
— Aquele homem? — sussurro.
— Não. Não tem nada a ver com você — diz meu pai para me
tranquilizar.
Fecho os olhos.
Que alívio da porra. Que alívio da porra. Que alívio da porra.
— Isso é tudo, pai? Posso ir?
— Claro.
Meu pai parece perturbado, mas assente.
Pego a foto e saio do escritório. E corro. Corro. Corro. Corro…







— Mestre. Tenho permissão para falar? — pergunta Leila.
Ela está sentada à minha direita à mesa de jantar, usando um corpete de
renda sensual da La Perla.
— Claro.
— Tenho sentimentos pelo senhor. Eu queria que colocasse uma coleira
em mim para poder ficar ao seu lado para todo o sempre.
Coleira? Para todo o sempre? Que papo de merda é esse agora que mais
parece o final de um conto de fadas?
— Mas acho que isso não vai acontecer nem nos meus sonhos —
continua ela.
— Leila, você sabe que isso não é para mim. Já discutimos esse assunto. — Mas o senhor se sente sozinho. Percebo isso.
— Sozinho? Eu? Não me sinto assim. Tenho meu trabalho. Minha
família. Tenho você.
— Eu quero mais, Mestre.
— Não posso lhe dar mais. Você sabe.
— Entendo.
Ela ergue o rosto para olhar para mim, seus olhos cor de âmbar me
avaliando. Acabou de quebrar a quarta regra: nunca tinha olhado para mim sem permissão. Mas não a repreendo.
— Não posso. Isso não faz parte da minha natureza.
Sempre fui honesto com ela. Não é algo que ela não saiba.
— Faz, sim, senhor. Mas talvez eu não seja a pessoa certa para fazê-lo
perceber isso.
Ela parece triste. Olha para o prato vazio.
— Eu gostaria de terminar nosso relacionamento. Ela me pegou de surpresa.
— Tem certeza? Leila, esse é um grande passo. Eu gostaria de dar
continuidade ao nosso acordo.
— Não consigo mais, Mestre.
Sua voz fica embargada na última palavra, e não sei o que dizer.
— Não consigo — sussurra ela, pigarreando.
— Leila.
Paro, chocado com a emoção que noto em sua voz.
Ela sempre foi uma submissa impecável. Achei que fôssemos compatíveis.
— Vou ficar triste se você for — digo, pois é verdade.
— Gostei muito do tempo que passamos juntos. Espero que você também tenha gostado.
— Também vou ficar triste, senhor. Eu mais do que gostei. Eu esperava... Sua voz falha, e ela dá um sorriso triste.
— Eu gostaria de me sentir diferente.
Mas não me sinto. Não preciso de um relacionamento permanente.
— O senhor nunca me deu nenhuma indicação de que algum dia se
sentiria diferente. — Sua voz é baixa.
— Sinto muito. Você está certa. Vamos terminar, como você quer. É o
melhor, ainda mais se você sente algo por mim.




Um homem com objetivos



— Elliot, querido, basta nos apegarmos que elas ficam para trás. É de partir o coração.
— Então, não se apeguem. — Ele dá de ombros, mastigando com a boca aberta. — Eu não me apego — sussurra, mas só eu ouço.
— Um dia, alguém vai partir seu coração, Elliot — diz Grace ao entregar um prato de macarrão com queijo a Mia.
— Ah, tanto faz, mãe. Pelo menos, eu trago garotas para casa.
Ele me olha com desdém.
— Várias amigas minhas querem se casar com Christian. Pergunte a elas — diz Mia, entrando em minha defesa.
Urgh. Que pensamento desagradável... As amiguinhas venenosas de Mia do oitavo ano.
— Você não tem que estudar para suas provas, seu babaca?
Mostro o dedo do meio para Elliot.
— Estudar? Eu, não, seu veado. Hoje à noite, vou sair — ele se gaba.
— Meninos! Já chega! Esta é a primeira noite que vocês vêm dormir em casa desde que foram para a faculdade. Não se veem há um tempão. Parem de brigar e comam.
Dou uma garfada no macarrão com queijo. Esta noite, vou encontrar a Sra. Lincoln...




Descanso profundo



Mamãe está dormindo no chão.
Já está dormindo há muito tempo.
Ela não acorda.
Eu a chamo. Eu a balanço.
Ela não acorda.





Uma decisão importante



Ela agarra meu cabelo, puxando minha cabeça para trás.
— O que quer me dizer? — murmura, os olhos azuis e frios perfurando os meus.
Estou acabado. Meus joelhos estão doloridos. Minhas costas, cobertas de vergões. Minhas coxas estão me matando. Não aguento mais. E ela está me encarando diretamente nos olhos. Esperando.
— Quero largar Harvard, senhora — digo.
E é uma confissão difícil. Harvard sempre foi um objetivo. Para mim.
Para os meus pais. Só para mostrar a eles que eu conseguia. Só para provar que eu não era o caso perdido que eles achavam.
— Largar a faculdade?
— Sim, senhora.
Ela solta o meu cabelo e balança o açoite de um lado para outro.
— O que você vai fazer?
— Quero abrir meu próprio negócio.
Com a unha vermelha, Elena percorre minha bochecha até a boca.
— Eu sabia que algo o incomodava. Sempre preciso bater em você para arrancar essas coisas, não é?
— Sim, senhora.
— Vista-se. Vamos conversar sobre isso.






Do amargo ao doce


Vovô Trev-yan e eu estamos colhendo maçãs.
Está vendo as maçãs vermelhas naquela macieira verde?
Faço que sim.
Nós as colocamos aí. Você e eu. Lembra?
Nós enganamos essa velha macieira.
Ela achava que ia produzir maçãs verdes amargas.
Mas produziu maçãs vermelhas e doces. Lembre-se disso.
Faço que sim.
Ele leva a maçã até o nariz e cheira.
Sinta o cheiro.
O cheiro é bom. O cheiro é forte.
Ele esfrega a maçã na camisa e me entrega.
Experimente. Dou uma mordida.
É crocante e deliciosa e torta de maçã.
Sorrio. Minha barriga está feliz.
Essas maçãs se chamam fuji.
Quer experimentar a verde?
Não sei.
Vovô dá uma mordida, e seus ombros tremem.
Ele faz uma careta.
É horrível.
Ele me oferece a maçã. E sorri. Eu sorrio e dou uma mordida.
Um tremor desce da cabeça aos meus pés.
HORRÍVEL.
Também faço uma careta. Ele ri. Eu rio.
Colhemos as maçãs vermelhas e as colocamos em um cesto.
Nós enganamos a árvore.
Não é horrível. É doce.
Nada horrível. Doce.





Lembrança de aniversário


Mamãe está na cozinha.
O cheiro é bom.
Gostoso, quente e de chocolate.
Ela canta.
A música feliz da mamãe.
Ela sorri.
É para você, verme.
Para mim.




Nenhum comentário:

Postar um comentário