Na loja
(No trabalho, Ana está falando com sua mãe, Carla, ao
telefone)
– Como você está,
Ana?
(Ana hesita por um momento)
– Estou bem.
– Ana? Você conheceu alguém? (Carla pergunta empolgada)
– Mãe, não é nada. Você será primeira a saber se eu
conhecer.
– Ana, você precisa sair mais, querida. Você me preocupa.
– Mãe, eu estou bem. Como está o Bob? (Ana muda de assunto)
* * *
(Mais tarde, na mesma noite, Ana liga para seu padrasto,
Ray. Na sexta-feira à noite, Ana está em casa conversando com Kate, quando
José, o amigo das duas, aparece com uma garrafa de champanhe)
– José! Que bom ver você! (Ana lhe dá um rápido abraço) –
Entre.
– Tenho novidades. (José ri contente)
– Não me diga. Conseguiu não ser posto para fora por mais
uma semana. (Ana o provoca, e ele fecha a cara para ela)
– A Galeria Portland Place vai expor minhas fotos no mês que
vem.
– Que incrível! Parabéns! (Anastasia torna a abraçar José e
Kate sorri para ele)
– Parabéns, José! Eu devia colocar isso no jornal. Nada como
mudanças editoriais de última hora numa sexta-feira à noite. (Kate finge estar
aborrecida)
– Vamos comemorar. Quero que vá à inauguração. (José olha
fixamente para Ana, fazendo enrubescê-la) – Vocês duas, claro. (Ele acrescenta,
olhando nervoso para Kate, e logo abre a garrafa de champanhe)
* * *
(No sábado, Christian estaciona em frente à loja Clayton’s.
Ele demora um pouco pensando em como vai abordá-la, mas logo sai do carro e
passa pela porta da loja, que faz um som eletrônico pelo sino. Anastasia está
atrás do balcão comendo um sanduíche enquanto confere um livro de encomendas
com as contas que estão na tela do computador. Christian nota sua presença no
balcão e repara que Ana chupa uma migalha do sanduíche no seu dedo, ficando um
pouco excitado com a cena. Ele continua a analisando, quando Ana levanta a
cabeça e seus olhos se arregalam ao vê-lo)
– Srta. Steele. Que surpresa agradável. (O olhar de
Christian é intenso)
– Sr. Grey. (Ana diz ofegante e confusa, enquanto nota uma
sombra de um sorriso nos lábios de Christian)
– Eu estava pela área. Preciso me abastecer de algumas coisas.
É um prazer tornar a vê-la, Srta. Steele. (Christian explica, notando Ana
boquiaberta e ligeiramente mordendo o lábio, corada)
– Ana. Meu nome é Ana. (Ana murmura nervosa e ajeita
rapidamente os ombros, forçando um sorriso de boas vindas) – Em que posso
servi-lo, Sr. Grey?
– Estou precisando de alguns artigos. Para começar, gostaria
de umas braçadeiras de plástico.
(Christian murmura com uma expressão calma e descontraída)
(Ana fica confusa)
– Temos vários tamanhos. Posso lhe mostrar?
(Um ligeiro franzido toma a testa de Christian)
– Por favor. Vá na frente, Srta. Steele.
(Ana tenta parecer indiferente ao sair de trás do balcão, e aponta
para um dos corredores)
– Estão na seção de artigos de eletricidade, corredor oito.
(Ana diz educada)
– Vá na frente. (Christian murmura, indicando com um gesto
de mão para um dos corredores)
(Enquanto Anastasia o guia pelo corredor de ferramentas,
Christian desce o olhar para sua bunda)
– Está em Portland a trabalho? (Anastasia pergunta com a voz
aguda)
– Eu estava visitando a divisão agrícola da WSU. Fica em
Vancouver. No momento, estou financiando umas pesquisas em rotação de culturas
e ciência do solo. (Christian diz impassível)
(Ana olha para ele)
– Tudo parte do seu plano de alimentar o mundo? (Ela arqueia
as sobrancelhas, provocando)
– Mais ou menos.
(Seus lábios se contraem num breve sorriso)
(Os olhos de Christian vagueiam por vários pacotes de
braçadeiras no estoque, e ele escolhe uma)
– Estas vão servir.
(Ana se enrubesce com o sorriso misterioso e Christian)
– Mais alguma coisa? (Ana diz rapidamente, nervosa)
– Eu gostaria de fita adesiva.
– Está fazendo uma reforma?
– Não, não estou reformando. (Christian diz depressa, depois
dando um sorriso forçado)
– Por aqui. (Ana murmura embaraçada) – As fitas adesivas ficam
no corredor de decoração. (Ela olha para trás enquanto ele a segue)
– Trabalha aqui há muito tempo? (Christian pergunta enquanto
caminham para o corredor de decoração)
– Quatro anos. (Ana murmura quando chegam. Ela escolhe duas
larguras de fita adesiva para pintura, com o intuito de se distrair)
– Vou levar essa. (Christian diz com a voz baixa, apontando
para a mais grossa)
(Anastasia passa a fita adesiva para ele e os dedos de ambos
se tocam, o que a deixa mais nervosa ainda, retirando sua mão da dele, tateando
em volta procurando se equilibrar)
– Mais alguma coisa? (Ela pergunta com a voz arfante)
– Um pedaço de corda, eu acho. (Christian diz com a voz
igualmente rouca)
– Por aqui. (Anastasia abaixa a cabeça para tentar esconder
seu rubor, enquanto Christian novamente aprecia sua bunda) – De que tipo
procura? Temos cordas de fios naturais e sintéticos... barbantes... cabos...
(Ana emudece ao perceber que os olhos de Christian ficam
ainda mais sombrios . Ele tenta tirar as imagens dela pendurada no quarto de
jogos)
– Vou levar quatro metros e meio de corda de fios naturais,
por favor.
(Rapidamente, com dedos trêmulos, Ana mede quatro metros e
meio com a régua fixa, logo pegando o estilete no bolso traseiro da calça e
cortando a corda, e enrolando antes de amarrá-la num nó corrediço)
– Você foi escoteira? (Christian está com os lábios
repuxados em um sorriso)
– Atividades organizadas em grupos não são minha praia, Sr.
Grey.
(Ele ergue uma sobrancelha)
– Qual é a sua praia, Anastasia? (Christian pergunta numa
voz suave)
– Livros. (Ela murmura)
– Que tipo de livros? (Ele inclina a cabeça)
– Ah, você sabe. O normal. Os clássicos. Literatura inglesa,
principalmente.
(Christian esfrega o queixo pensativo)
– Precisa de mais alguma coisa? (Ela tenta desviar seus
olhos dele)
– Não sei. O que mais você recomendaria?
– Para um praticante de bricolagem? (Ela diz surpresa)
(Ele assente com os olhos maliciosos e ela o analisa de cima
a baixo)
– Macacões. (Christian ergue a sobrancelha, achando graça) –
Você não ía querer estragar sua roupa. (Ana faz um gesto vago na direção da
calça dele)
– Eu sempre poderia tirá-las. (Ele sorri)
– Hum. (Ana fica vermelha como um tomate e desvia o olhar
rapidamente dele)
(Notando a expressão dela, Christian tenta mudar de assunto)
– Vou levar uns macacões. Deus me livre estragar qualquer
roupa. (Ele finge falar seco)
– Precisa de mais alguma coisa? (Ana pergunta sem fôlego ao lhe
entregar os macacões azuis)
– Como está o artigo? (Ele pergunta, ignorando a pergunta
dela)
(Ana lhe dá um breve sorriso aliviado)
– Não o estou dirigindo, Katherine é que está. A Srta.
Kavanagh. A moça com quem eu divido a casa, ela é a redatora. Está muito feliz
com ele. É a editora do jornal, e ficou arrasada por não ter podido fazer a
entrevista pessoalmente. A única preocupação dela é que não tem nenhuma
fotografia sua.
– Que tipo de fotografia ela quer? (Anastasia balança a
cabeça, sem saber o que dizer) – Bem, estou por aí... Amanhã, talvez...
– Estaria disposto a fazer uma sessão de fotos? (Christian
assente) – Kate vai ficar encantada se a gente conseguir encontrar um
fotógrafo. (Ana diz entusiasmada, sorrindo para ele)
(Christian fica bobo ao ver o sorriso luminoso dela)
– Fale comigo amanhã. (Enfiando a mão no bolso, ele saca a
carteira e tira um cartão de dentro) – Meu cartão. O número do meu celular está
aí. Você vai precisar ligar antes das dez da manhã.
– Tudo bem. (Ana sorri para ele)
– Ana!
(Paul Clayton, irmão do dono da loja, aparece na outra ponta
do corredor, surpreendendo-os)
– Hum... com licença um instante, Sr. Grey.
(Christian franze o cenho ao vê-la caminhando em direção a
Paul e trinca os dentes. Paul a abraça)
– Oi, Ana, é muito bom ver você! (Paul derrete-se, mas ela
não o abraça de volta)
– Olá, Paul, como vai? Veio para o aniversário do seu irmão?
– É. Você está ótima, Ana. Ótima mesmo. (Paul sorri,
enquanto a examina tomando distância. Ele a solta, mas ainda põe um braço no
ombro dela. Ana fica trocando de pé, encabulada.
(Ana olha para Christian, que os está observando seriamente)
– Ah, Paul, este é Christian Grey. Sr. Grey, este é Paul
Clayton. O irmão dele é o proprietário da loja. (Ela olha para ele e continua a
falar) – Conheço Paul desde que comecei a trabalhar aqui, embora a gente não se
veja muito. Ele voltou de Princeton, onde estuda administração de empresas.
(Ana diz balbuciando)
– Sr. Clayton. (Christian estende a mão com o olhar
inescrutável)
– Sr. Grey. (Clayton retribui o cumprimento) – Espera aí,
não é o Christian Grey? Da Grey Enterprises Holdings? (Paul passa da arrogância
territorial ao assombro numa fração de segundo. Christian lhe dá um sorriso
educado, do qual seus olhos não participam) – Nossa! Há alguma coisa que eu
possa lhe trazer?
– Anastasia já me atendeu, Sr. Clayton. Foi muito atenciosa.
(Christian diz como se tivesse algo por trás de suas palavras)
– Legal. (Paul responde) – Depois a gente se fala, Ana.
– Claro, Paul. (Paul desaparece no estoque) – Mais alguma
coisa, Sr. Grey?
– Só isso. (Seu tom é entrecortado e frio)
(Ana respira fundo e caminha até o caixa. Ela registra a
corda, os macacões, a fita adesiva e as braçadeiras) – São quarenta e três dólares,
por favor. (Ana nota que ele a olha fixamente, voltando a ficar nervosa) – Quer
uma sacola? (Ela pergunta após pegar o cartão de crédito dele)
– Por favor, Anastasia. (Christian diz o nome dela com algo
parecido com sensualidade. Anastasia arqueja e coloca rapidamente as compras
dentro de uma sacola)
– Você me telefona se quiser que eu pose para as fotos? (Ana
faz rapidamente que sim e lhe entrega o cartão de crédito) – Ótimo. Até amanhã,
talvez. (Christian se vira para ir embora, mas logo depois para) – Ah... e,
Anastasia, ainda bem que a Srta. Kavanagh não pôde fazer a entrevista. (Ele
sorri, e logo sai da loja a passos largos, pendurando a sacola plástica no
ombro, deixando-a surpresa e lisonjeada)
Quando vem o próximo capítulo?
ResponderExcluirEstou respondendo meio tarde, mas vou adicionar um capítulo toda semana. ^^
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