segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Cinquenta Tons de Cinza - capĂ­tulo 6 (primeira temporada)

 (Christian abre a porta do passageiro do seu Audi SUV preto, e Ana sobe. Sem Christian ver, Ana toca seus lĂĄbios inchados por causa do beijo. Ele liga o motor e abandona sua vaga no estacionamento. Liga o leitor de MP3.)
— O que estamos ouvindo?

— É o “Dueto das Flores”, de Delibes, da Ăłpera LakmĂ©. Gosta?





— Christian, Ă© maravilhoso.

— É mesmo, nĂŁo Ă©?

(Ele sorri enquanto olha para ela.)
— Posso ouvir de novo?

— Claro.

(Christian aperta um botĂŁo, reiniciando a mĂșsica.)
— VocĂȘ gosta de mĂșsica clĂĄssica? — (Ana pergunta.)
— Sou eclĂ©tico, AnastĂĄsia, gosto de tudo, de Thomas Tallis a Kings of Leon. Depende de meu estado de espĂ­rito. E vocĂȘ?
— Eu tambĂ©m. Embora eu nĂŁo saiba quem Ă© Thomas Talis.
(Christian olha um momento para ela e volta a atenção para a estrada.)
— Vou pĂŽr para vocĂȘ ouvir uma hora dessas. Tallis Ă© um compositor inglĂȘs do sĂ©culo XVI. MĂșsica coral sacra da Ă©poca Tudor. — Ele sorri. — Parece muito comum, eu sei, mas tambĂ©m Ă© mĂĄgico.
(Christian pressiona um botĂŁo e começa a tocar “Sexo on Fire”, do Kings of Leon. Repentinamente, o som de um celular interrompe a mĂșsica. Christian apertou um botĂŁo do volante.)



— Grey. — (Responde bruscamente.)

— Sr.Grey, aqui Ă© Welch. Tenho a informação que o senhor solicitou.
— Ótimo. Envie por e-mail. Alguma coisa a acrescentar?

— NĂŁo, senhor.

(Christian aperta o botĂŁo, a chamada encerra e voltou a tocar a mĂșsica. O telefone voltou a interromper a mĂșsica.)
— Grey.

— O termo de confidencialidade jĂĄ foi mandado por e-mail para o senhor, Sr. Grey. — (Andrea diz ao telefone.)
— Ótimo. É sĂł isso, Andrea?

— Bom dia, senhor.

(Christian desliga ao pressionar um botĂŁo do volante. Logo que a mĂșsica recomeça, o telefone volta a tocar. Ele atende.)
— Grey. — (Diz bruscamente.)

— Oi, Christian. VocĂȘ transou?

— Oi, Eliot, estou no viva voz, e nĂŁo estou sozinho no carro. — (Christian suspira)
— Quem estĂĄ com vocĂȘ?
— AnastĂĄsia Steele.

— Oi, Ana!
— OlĂĄ, Eliot.

— Ouvi falar muito de vocĂȘ. — (Eliot murmura com voz rouca. Christian franze a test.)
— NĂŁo acredite em uma palavra do que Kate diz. — (Ana diz e Elliot ri.)
— Estou indo deixar Anastasia em casa agora. — (Christian diz.) — Quer que eu pegue vocĂȘ?
— Claro.
— Vejo vocĂȘ daqui a pouco.

(Christian desliga o telefone e a mĂșsica volta a tocar.)

— Por que vocĂȘ insiste em me chamar de AnastĂĄsia?

— Porque Ă© seu nome.

— Prefiro Ana.

— Prefere agora?
(Christian estaciona em frente ao apartamento de Anastasia.)
— AnastĂĄsia... — (Ele murmura pensativo.)

(Ana o olha com cara feia.)

— O que aconteceu no elevador nĂŁo vai voltar a acontecer. Bem, nĂŁo a menos que seja premeditado. — (Ele diz.)
(Christian sai do carro, andando ao redor do carro para o lado em que Ana estĂĄ, a fim de abrir a porta.)

— Gostei do que aconteceu no elevador. — (Ana murmura ao sair do carro. Christian dĂĄ um fraco suspiro e Ana sobe os degraus atĂ© a porta de casa.)

(Kate e Eliot estão sentados à mesa. Kate sorri para Ana, com o cabelo despenteado. Christian a segue até a sala de estar, e Kate o encara com desconfiança.)
— Oi, Ana.

(Kate se levanta para abraçar Ana e no momento em que a separa um pouco, a olhando de cima a baixo. Franze o cenho e se volta para Christian.)
— Bom dia, Christian! — Disse-lhe em tom ligeiramente hostil.

— Srta. Kavanagh — (Christian responde num tom formal.)

— Christian, o nome dela Ă© Kate — (Eliot resmungou.)

— Kate.
(Christian assente com educação e encara Eliot, que ri e se levanta para abraçar Ana.)
— Oi, Ana. — (Elliot sorri.)
— OlĂĄ, Elliot.

(Ana sorri para ele e morde os lĂĄbios de forma inconsciente.)

— Elliot, Ă© melhor a gente ir. — (Christian diz em tom suave.)

— Claro.

(Elliot vira-se para Kate, a abraça e lhe då um interminåvel beijo, a abaixando e fazendo o cabelo Del quase encostar no chão. Ana olha para seus pés, incÎmoda. Levanta a visão para Christian, que a olhava fixamente. Ela sustenta seu olhar.)

— AtĂ© mais, baby! — (Elliot diz sorridente para Kate.)

(Kate se derrete, apaixonada. Christian revira os olhos olha para Ana com expressão impenetråvel, ainda que achando graça da situação. Ele pega uma mecha do cabelo que escapou do rabo de cavalo dela e pÔe atrås da orelha. A respiração de Ana fica entrecortada e ela apóia a cabeça nos dedos dele. Os olhos de Christian se suavizam e ele passa o polegar pelo låbio inferior dela. Ele retira a mão de imediato.)

— AtĂ© mais, baby. — (Ele murmura.)

(Ana nĂŁo consegue evitar o sorriso, estranhando ele dizer aquela frase.)
— Pego vocĂȘ Ă s oito.

(Christian då meia volta, abre a porta da frente e sai para a varanda. Elliot o segue até o carro, mas se volta e lança outro beijo para Kate.)
— E aĂ­, vocĂȘ transou? — (Kate pergunta com evidente curiosidade enquanto os observam sair de casa e descer os degraus.)
— NĂŁo. — (Ana responde secamente, e ambas entram em casa.) — VocĂȘ obviamente sim!


PARTE CHRISTIAN (VEF)


(Elliot sorri de orelha a orelha quando ele e Christian caminham até o carro.)
Eu estou apaixonado, mano! Kate Ă© incrĂ­vel! — (diz Elliot. Christian concorda com a cabeça em sarcasmo e dĂĄ volta no carro. Elliot o olha com os olhos brilhantes.) EntĂŁĂŁĂŁo? VocĂȘ fez sexo?"
NĂŁo! — (Christian diz com firmeza.)
Ah... Eu pensei que vocĂȘ tinha me convencido de que nĂŁo era gay na noite passada!
E eu nĂŁo sou. Mas ela estava bĂȘbada. Eu nĂŁo me aproveito das garotas que nĂŁo estĂŁo conscientes.
(Elliot sorri e os dois entram no carro.)
EntĂŁo, hĂĄ esperança para vocĂȘs dois ainda?
Talvez. — (Christian responde incomodado.) — Muito cedo para dizer.
Eu ouvi dizer que vocĂȘ vai buscĂĄ-la Ă s oito — (Elliot sonda.)
— Sim — (Christian diz secamente.)
VocĂȘ gosta dela? Eu nunca, nunca vi vocĂȘ com uma garota! VocĂȘ nĂŁo podia tirar seus olhos de cima dela. E nĂŁo pense que eu nĂŁo percebi que vocĂȘ me repreendeu com o olhar fixo quando eu dei um abraço nela. — Elliot diz e Christian cerra os dentes.) — Pare de ser um mano puritano! Eu aprovo!
Como se vocĂȘ tivesse opção — (Christian sorri para o irmĂŁo.) EntĂŁo, como foi com a companheira de quarto? — (Christian diz mudando de assunto.)
Deliciosa! IncrĂ­vel! Linda! Estou louco por ela! Estou apaixonado — (Elliot suspira de modo teatral, com os olhos brilhantes.)
Jå? (Christian o questiona com o olhar cético.)
Bem, atĂ© agora, sim. NinguĂ©m me cativou assim antes — (Elliot diz seriamente, encostando a cabeça no assento do carona. Christian assente com a cabeça, prestando atenção.) Eu vou vĂȘ-la de novo!
Quais sĂŁo seus planos para o dia?(Christian pergunta ao ligar o carro.)
Na verdade nĂŁo fiz nenhum plano. O que vocĂȘ tem em mente?
Eu estava pensando em ir fazer uma caminhada na trilha de Riverside — (Christian diz.)
Claro, estou dentro! — (diz Elliot animado, e Christian parte dali.)


PARTE ANA


(Kate lhe dĂĄ um enorme sorriso como resposta para Ana.)

— Eu vou sair com ele de novo hoje Ă  noite.

(Kate bate palmas e pula como uma criança, não escondendo seu entusiasmo. Ana também sorri alegre.)
— Christian vai me levar a Seattle hoje Ă  noite.

— Seattle?

— É.

— E aĂ­ talvez vocĂȘs transem?

— Ah, espero que sim.

— EntĂŁo vocĂȘ gosta dele?

— Gosto.

— O bastante para...?

— Sim.
(Kate ergue as sobrancelhas.)
— Uau. Ana Steele, finalmente apaixonada por um homem, e ele Ă© Christian Grey: gostoso, sensual e bilionĂĄrio.

— Ah, Ă© sĂł por causa do dinheiro.

(Ana dĂĄ um sorrisinho, e logo as duas estĂŁo gargalhando.)

— Essa blusa Ă© nova? — (Kate pergunta.)

Deixei que ela soubesse todos os detalhes desinteressantes sobre a minha noite.
— Ele jĂĄ beijou vocĂȘ? — (Kate pergunta enquanto prepara o cafĂ©. Ana ruboriza.)
— Uma vez.

— Uma vez! — (Kate caçoa.)
(Ana assente encabulada.)
— Ele Ă© muito reservado.
(Kate franze a testa.)
— Que estranho.

— Estranho Ă© pouco.

— Precisamos garantir que vocĂȘ esteja simplesmente irresistĂ­vel hoje Ă  noite. — (Kate diz com determinação.)

— Tenho que estar na loja a uma hora.

— Posso trabalhar nesse prazo. Vamos.

(Kate segura a mĂŁo de Ana e a leva para seu quarto.)

* * *

ESCALA





(Quando Ana sai do Clayton's, Christian jĂĄ a esperava, apoiado na parte de trĂĄs do carro. Ele abre a porta para ela e sorri cordialmente.)
— Boa noite, Srta. Steele. — (ele diz.)

— Sr. Grey.

(Ana inclina a cabeça educadamente e se senta no assento traseiro do carro. Taylor estå sentado ao volante.)

— OlĂĄ, Taylor, — (Ana cumprimenta o segurança.)

— Boa noite, Srta. Steele. — (Taylor responde em tom educado e profissional.)
(Christian entra pela outra porta e segura a mĂŁo de Ana, dando um pequeno aperto. Ana se arrepia com o gesto.)
— Como foi o trabalho? — (Christian pergunta.)

— Muito demorado. — (Ana lhe responde com voz rouca, muito baixa e cheia de desejo.)
— É, eu tambĂ©m tive um dia longo.

—O que vocĂȘ fez? — (Ana pergunta.)

— Fui dar uma caminhada com Elliot.

(O polegar de Christian acaricia os dedos dela por trĂĄs. Ana perde o fĂŽlego com o gesto. O carro chega no local onde era o heliporto. Taylor estaciona, sai e abriu a porta do lado dela do carro. Christian aparece ao lado dela num instante e pega a mĂŁo dela novamente.)
— Preparada? — (ele pergunta.)

(Ana faz que sim, mesmo nervosa.)
— Taylor.

(Ana faz um gesto para o chofer, eles entram no edifĂ­cio e se dirigem para os elevadores.)

"Um elevador! A lembrança do beijo daquela manhã voltou a me obcecar. Não pensei em nada mais por todo o dia. Mesmo no Clayton's não podia tirar tudo da cabeça. O Sr. Clayton precisou gritar comigo duas vezes para que voltasse para a Terra. Dizer que estive distraída era pouco."

(Christian a olha com um ligeiro sorriso nos lĂĄbios.)

— SĂŁo apenas trĂȘs andares. — (ele diz a ela com olhos divertidos.)
(Ana tenta se manter impassível ao entrar no elevador com Christian. As portas se fecham, e Ana fecha os olhos brevemente, um pouco nervosa. Ele aperta a mão dela com força, e cinco segundos depois as portas se abrem no terraço do edifício. E lå estava, um helicóptero branco com as palavras GREY ENTERPRISES HOLDINGS, Inc. em cor azul e o logotipo da empresa de outro lado. Christian a leva a um pequeno escritório onde um velho estava sentado atrås da mesa.)


— Aqui estĂĄ seu plano de vĂŽo, Sr. Grey. Todas as verificaçÔes externas foram feitas. A aeronave estĂĄ a postos. O senhor estĂĄ autorizado a decolar.
— Obrigado, Joe. — (Responde Christian com um sorriso quente.)
(Ana encara o homem.)
— Vamos. — (Diz Christian.)

(Eles se dirigem ao helicĂłptero. Christian abre a porta e lhe indicou um assento na frente.)
— Sente-se. NĂŁo toque em nada. — (Ele ordena e sobe por trĂĄs dela.)
(Christian fecha a porta. Ana se acomoda no assento que ele indicou e ele se inclina para atar o cinto de segurança dela.)

“É um cinto de quatro pontos com todas as tiras se conectando a um fecho central. Apertou tanto as duas tiras superiores, que eu nĂŁo podia me mover.”

(Ele continua atando os cintos de quatro pontos e Ana quase se inclina para perto do cabelo dele, que estava perto demais, mas nĂŁo consegue por estar bem presa ao assento. Christian levanta o olhar para Ana e sorri, como estivesse se divertindo com algo, seus olhos brilhando. Ele chega bem perto, e Ana tem que conter a respiração enquanto ele  aperta uma das tiras superiores.)
— VocĂȘ estĂĄ segura, sem escapatĂłria. — (ele murmura.) — Respire, AnastĂĄsia. — (Christian acrescenta em tom doce.)

(Ele se aproxima, acaricia-lhe o rosto, correndo os dedos longos atĂ© o queixo dela, que pegou entre o polegar e o indicador. Inclina-se para frente e lhe dĂĄ um rĂĄpido e casto beijo. Ana fica impactada e trĂȘmula.)
— Gosto dessa correia. — (sussurra ele.)
(Christian se acomoda ao seu lado, e se prende ao seu assento e em seguida começa um processo de verificar medidores, virar interruptores e apertar botÔes do enorme gama de marcadores, luzes e botÔes. Pequenas esferas piscam luzinhas, e todo o painel de comando estava iluminado.)
— Ponha os fones de ouvido — (ele diz apontando uns fones na frente dela.)
(Ana os coloca e o motor começou a girar. Christian também coloca os fones e segue movendo as alavancas.)




— SĂł estou fazendo todas as verificaçÔes prĂ©-decolagem.
 (Ana olha para ele e sorri.)
— VocĂȘ sabe o que estĂĄ fazendo? — (ela pergunta.)
(Christian se vira e sorri para ela.)
— Fui brevĂȘ de piloto hĂĄ quatro anos, AnastĂĄsia. VocĂȘ estĂĄ segura comigo. — (Diz sorrindo lascivamente.) — Bem, enquanto estivermos voando. — (Christian acrescenta com uma piscadinha.)





(Ana se surpreende com o gesto inesperado e sedutor.)
— EstĂĄ pronta?

(Ana concorda com os olhos muito abertos.)
— Tudo bem, torre. PDX, aqui Ă© Charlie Tango Golf-Golf Echo Hotel, autorização para decolar. Favor confirmar, cĂąmbio.
— Charlie Tango, autorizado. PDX falando, prossiga para quatro mil, dirigindo Ă  zero um zero, cĂąmbio.
— Ok, torre. Charlie Tango preparado. CĂąmbio e desligo. LĂĄ vamos nĂłs. — (Christian acrescenta dirigindo-se a Ana.)
(O helicóptero se eleva pelos ares lenta e brandamente. Portland desaparece enquanto eles adentram ao espaço aéreo.)
— Estranho, nĂŁo? — (Christian diz pelos fones.)

— Como sabe que estamos indo na direção correta?

— Aqui. — (Ele aponta para um dos indicadores que mostra uma bĂșssola eletrĂŽnica.) — Este Ă© um EC135 Eurocopter. Um dos mais seguros de sua classe. É equipado para vĂŽo noturno. — (Christian olha para ela e sorri.) — Tem heliporto no alto do prĂ©dio onde moro.
(Ana observo os traços de Christian com todos os detalhes, enquanto ele estå concentrado no vÎo.)

"Tem um perfil muito bonito, o nariz reto e a mandĂ­bula quadrada. Eu gostaria de deslizar a lĂ­ngua por sua mandĂ­bula. NĂŁo se barbeou, e sua barba de dois dias fez a perspectiva duplamente tentadora. Mmm..."



— Quando voamos Ă  noite, o vĂŽo Ă© cego. Temos que confiar nos instrumentos. — (Grey diz a Ana, interrompendo as fantasias erĂłticas que ela estava tendo sobre ele.)

— Quanto tempo vai levar o vĂŽo? — (Ana consegue dizer, quase sem fĂŽlego.)
— Menos de uma hora. Estamos a favor do vento.
 (Ana assente.)
— VocĂȘ estĂĄ bem, AnastĂĄsia?

— Estou. — (Ana lhe responde de modo curto, cortada e nervosa.)
(Christian sorri na penumbra, sem Ana perceber. Ele aciona outro botĂŁo.)
— PDX, aqui Charlie Tango agora em quatro mil, cĂąmbio.
(Christian troca informação com o controle de tråfego aéreo.)
— Compreendido, Sea-Tac, a postos, cĂąmbio e desligo. Olhe ali. — (Ele aponta para um ponto de luz ao longe.) — É Seattle.

— VocĂȘ sempre impressiona as mulheres desse jeito? Venha voar no meu helicĂłptero? — (Ana lhe pergunta genuinamente interessada.)
— Nunca trouxe nenhuma garota aqui em cima, AnastĂĄsia. É outra primeira vez para mim. — (Christian responde em tom baixo, embora sĂ©rio.)

— EstĂĄ impressionada?

— Estou apavorada, Christian.

(Ele ri.)

— Apavorada?
(Ana balança a cabeça, assentindo.)

— VocĂȘ Ă© tĂŁo... competente!

— Ora, obrigado, Srta. Steele — (Christian diz educadamente.)
 (Eles viajam calados por um tempo.)
— Torre Sea-Tac para Charlie Tango. Plano de vĂŽo para Escala pronto. Favor, prosseguir. Aguarde contato, cĂąmbio.
— Aqui Charlie Tango, compreendido, Sea-Tac. Aguardando, cĂąmbio e desligo.
— EstĂĄ na cara que vocĂȘ gosta disso — (Ana murmura.)

— O que?

(Christian a encara.)

— Voar. — (ela lhe responde.)

— Isso exige controle e concentração... como eu poderia nĂŁo gostar? Mas o que eu prefiro Ă© planar.
— Planar?

— É, voar em planador. Planadores e helicĂłpteros, piloto as duas coisas.
— Ah.

— Charlie Tango, pode seguir, por favor, cĂąmbio.
— É bonito, nĂŁo Ă©? — (Christian pergunta num murmĂșrio, enquanto avistam Seattle mais perto.)
(Ana balança a cabeça entusiasmada.)

— Vamos chegar em poucos minutos. — (Christian murmura.)
(Ana se agarra à borda de seu assento cada vez com mais força enquanto via o edifício Escala bem de perto. O helicóptero reduz a velocidade e fica suspenso no ar. Christian aterrissa na pista do terraço do edifício. Ele desligou o motor, e o movimento e o ruído do rotor diminui. Christian retira os fones e se inclinou para tirar os dela.)




— Chegamos. — (Christian diz com a voz baixa.)

(O olhar dele é intenso, a metade na escuridão e a outra metade iluminada pelas luzes brancas de aterrissagem. Christian abre seu cinto de segurança e se inclina para abrir o dela. Seus rostos estavam bem próximos.)
— VocĂȘ nĂŁo precisa fazer nada que nĂŁo queira. Sabe disso, nĂŁo Ă©?
(O tom de Christian era muito sério, inclusive angustiado, e seus olhos, ardentes. Ana se sente surpresa. Ela engole em seco ao olhar para ele.)
— Eu nunca faria nada que nĂŁo quisesse, Christian.

(Christian a encara um instante com cautela e logo, apesar de ser tão alto, move-se com elegùncia até a porta do helicóptero e a abre. Ele pula, a esperando e agarra a mão de Ana para ajudå-la a descer para a pista. Ana sente um breve medo por estar num lugar tão alto e Christian passa o braço pela cintura dela, a puxando firmemente contra ele.)
— Vem. — (Ele grita por cima do ruĂ­do do vento.)

(Christian a arrasta atĂ© um elevador, digita um nĂșmero em um painel, e a porta se abre. No elevador, completamente revestido de espelhos, fazia calor. Digita outro cĂłdigo, e as portas se fecham e o elevador começou a descer.)

“Logo depois estamos num hall todo branco. No meio hĂĄ uma mesa redonda de madeira escura, e sobre ela, um ramalhete incrĂ­vel imenso de flores brancas. HĂĄ quadros em todas as paredes. Ele abre uma porta dupla, e a cor branca permanece no corredor largo em cuja extremidade fica a entrada de uma sala palaciana. É a sala principal com pĂ© direito duplo. Enorme nĂŁo Ă© a palavra certa para todo aquele tamanho. A parede do fundo Ă© de vidro e dĂĄ para uma varanda que domina Seattle. À direita hĂĄ um imponente sofĂĄ em ‘U’ onde dez pessoas podiam se sentar confortavelmente. Em frente ao sofĂĄ, a lareira mais moderna que se pode imaginar, em aço inoxidĂĄvel ou talvez platina. O fogo aceso iluminava brandamente. À esquerda, junto Ă  entrada, acho, e nela arde um fogo suave. Toda branca, com as bancadas em madeira escura. E encaixado no canto, um reluzente piano de cauda preto. [...] HĂĄ arte de todas as formas e tamanhos nas paredes.”



— Posso pegar sua jaqueta? — (Christian lhe pergunta.)

(Ana nega com a cabeça, pois ainda estava com frio.)

— Quer beber alguma coisa? — (Christian pergunta.)
(Ana assente, ainda calada.)
— Vou beber uma taça de vinho branco. VocĂȘ me acompanha?
— Sim, obrigada. — (Ana murmura.)

(Ana se aproxima da parede de cristal, analisando todo aquele lugar, enquanto Christian abre um vinho do outro lado, jĂĄ sem sua jaqueta.)
— Poully FumĂ© estĂĄ bom para vocĂȘ?

— NĂŁo entendo nada de vinho, Christian. Tenho certeza de que Ă© Ăłtimo.
(Ana diz em voz baixa e entrecortada.)

— Aqui. — (Ele diz ao estender uma taça de vinho.)

(Ana pega a taça luxuosa de cristal grosso e moderno. Ela toma um gole.)

— VocĂȘ estĂĄ muito calada, e nem mesmo estĂĄ corando. Na verdade, acho que nunca te vi vocĂȘ tĂŁo branca, AnastĂĄsia. — (Christian murmura.) — EstĂĄ com fome?
(Na nega com a cabeça.)

— É uma casa muito grande essa aqui.

— Grande?

— Grande.

— É grande. — (Concorda ele com os olhos brilhando divertidos.)
— VocĂȘ toca? — (Ana lhe pergunta apontando para o piano.)

— Bem?

— Sim

— Claro que toca. Existe alguma coisa que vocĂȘ nĂŁo saiba fazer bem?

— Sim... algumas coisas.

(Ana toma um gole de vinho sem tirar os olhos de cima de dele. O olhar de Christian a segue quando ela se vira para olhar o imenso salĂŁo.)

— Quer sentar?

(Ana concorda com a cabeça. Ele agarra a mão dela e a leva ao grande sofå de cor nata. Enquanto se senta, Ana se imagina como Tess Durbeyfield e sorri.)
— Qual Ă© a graça?

(Christian se senta ao seu lado, a olhando. Ele descansa a cabeça sobre a mão direita e o cotovelo fica apoiado na parte de trås do sofå.)
— Por que me deu especificamente o Tess, of the D'Urberville? — (Ana pergunta.)
(Christian a olha fixamente por um momento.)
— Bem, vocĂȘ disse que gostava de Thomas Hardy.

— SĂł por isso?

(A voz de Ana soa decepcionada. Christian aperta os lĂĄbios.)
— Pareceu adequado. Eu poderia manter vocĂȘ num ideal elevadĂ­ssimo como Angel Clare ou degradĂĄ-la completamente como Alec d'Urbervile. — (Ele murmura.)




(Os olhos de Christian brilham impenetrĂĄveis e perigosos.)

— Se sĂł houvesse duas opçÔes, eu ficaria com a degradação. — (Ana sussurra enquanto o encara. Christian fica boquiaberto.)

— AnastĂĄsia, para de morder o lĂĄbio, por favor. Isso distrai muito. VocĂȘ nĂŁo sabe o que estĂĄ dizendo.
— Por isso estou aqui.

(Christian franze a testa.)

— Sim. Pode me dar licença um minuto?

(Christian desaparece por uma grande porta no outro extremo do salão. Ele volta em dois minutos com uns papéis nas mãos.)
— Este Ă© um termo de confidencialidade. — (Ele encolheu os ombros, ligeiramente incĂŽmodo.) — Minha advogada insiste nisso.
(Christian estende os papéis para Ana. Ela fica totalmente perplexa.)

— Se vocĂȘ escolher a segunda opção, a degradação, vai precisar assinar isso.

— E se nĂŁo quiser assinar nada?

— AĂ­ sĂŁo os ideais elevdos de Angel Clare, bem, na maior parte do livro, pelo menos.
— O que esse acordo significa?

— Significa que vocĂȘ nĂŁo pode revelar nada sobre nĂłs. Para ninguĂ©m.
(Ana o observa e assente.)
— Tudo bem. Eu assino.
(Christian lhe entrega uma caneta.)
— VocĂȘ nem vai ler?

— NĂŁo.

(Ele franze a testa.)
— AnastĂĄsia, vocĂȘ deve sempre ler tudo o que assinar. — (Christian aconselha.)

— Christian, o que vocĂȘ nĂŁo conseguiu entender Ă© que de qualquer forma eu nĂŁo contaria a ninguĂ©m. Nem a Kate. Poratanto, Ă© irrelevante assinar ou nĂŁo. Se isso Ă© tĂŁo importante para vocĂȘ ou para sua advogada... para quem vocĂȘ obviamente conta, tudo bem. Eu assino.

(Christian a observa fixamente e assente muito sério.)

Touché, Srta. Steele.

(Ana assina ostensivamente as duas cĂłpias e lhe devolve uma. Ela dobra a outra, a enfia na minha bolsa e toma um comprido gole de vinho. Christian a olha sem acreditar.)




— Isso quer dizer que vocĂȘ vai fazer amor comigo hoje Ă  noite, Christian?

— NĂŁo, AnastĂĄsia, nĂŁo quero dizer isso. Em primeiro lugar, eu nĂŁo faço amor. Eu fodo... com força. Em segundo lugar, ainda tem muita papelada para assinar. E em terceiro, vocĂȘ ainda nĂŁo sabe onde estĂĄ se metendo. Ainda pode cair fora. Venha, quero mostrar meu quarto de jogos.

(Ana o encara boquiaberta e corada.)

— Quer jogar Xbox? — (Ela pergunta.)

(Christian ri alto.)

— NĂŁo, AnastĂĄsia. Nada de Xbox, nada de Playstation. Venha.

(Christian se levanta e estende a mão para Ana. Christian a leva de volta para o corredor, em direção a uma outra porta que da a uma escada. Eles sobem ao andar de cima e viram à direita. Ele retira uma chave do bolso da calça, vira a fechadura da porta e respira fundo.
— VocĂȘ pode ir embora quando quiser. O helicĂłptero estĂĄ Ă  espera para levĂĄ-la na hora que quiser ir. Ou pode passar a noite aqui e voltar para casa amanhĂŁ de manhĂŁ. Par mim, o que vocĂȘ decidir estĂĄ bom.
— Abre o raio da porta, Christian.

(Christian abre a porta e se afasta para o lado para que ela entrasse primeiro. — Ana volta a olhĂĄ-lo, querendo saber o que havia ali dentro. Ela para e entra.)


“E senti como se ele tivesse me transportado ao sĂ©culo XVI, Ă  Ă©poca da Inquisição espanhola. Puta merda.”

Nenhum comentĂĄrio:

Postar um comentĂĄrio