— O que estamos
ouvindo?
— Ă o “Dueto das
Flores”, de Delibes, da Ăłpera LakmĂ©. Gosta?
— Christian, Ă©
maravilhoso.
— Ă mesmo, nĂŁo Ă©?
(Ele
sorri enquanto olha para ela.)
— Posso ouvir de
novo?
— Claro.
(Christian aperta
um botĂŁo, reiniciando a mĂșsica.)
— VocĂȘ gosta de
mĂșsica clĂĄssica? — (Ana pergunta.)
—
Sou eclético, Anaståsia, gosto de tudo, de Thomas Tallis a Kings of Leon.
Depende de meu estado de espĂrito. E vocĂȘ?
— Eu tambĂ©m.
Embora eu nĂŁo saiba quem Ă© Thomas Talis.
(Christian
olha um momento para ela e volta a atenção para a estrada.)
—
Vou pĂŽr para vocĂȘ ouvir uma hora dessas. Tallis Ă© um compositor inglĂȘs do
sĂ©culo XVI. MĂșsica coral sacra da Ă©poca Tudor. — Ele sorri. — Parece muito comum,
eu sei, mas também é mågico.
(Christian
pressiona um botĂŁo e começa a tocar “Sexo on Fire”, do Kings of Leon.
Repentinamente, o som de um celular interrompe a mĂșsica. Christian apertou um
botĂŁo do volante.)
— Grey. — (Responde
bruscamente.)
— Sr.Grey, aqui Ă©
Welch. Tenho a informação que o senhor solicitou.
— Ătimo. Envie
por e-mail. Alguma coisa a acrescentar?
— NĂŁo, senhor.
(Christian
aperta o botĂŁo, a chamada encerra e voltou a tocar a mĂșsica. O telefone voltou
a interromper a mĂșsica.)
— Grey.
— O termo de confidencialidade jĂĄ foi
mandado por e-mail para o senhor, Sr. Grey. — (Andrea diz ao telefone.)
— Ătimo. Ă sĂł
isso, Andrea?
— Bom dia,
senhor.
(Christian
desliga ao pressionar um botĂŁo do volante. Logo que a mĂșsica recomeça, o
telefone volta a tocar. Ele atende.)
— Grey. — (Diz
bruscamente.)
— Oi, Christian. VocĂȘ
transou?
— Oi, Eliot, estou
no viva voz, e nĂŁo estou sozinho no carro. — (Christian suspira)
— Quem estĂĄ com
vocĂȘ?
— AnastĂĄsia
Steele.
— Oi, Ana!
— OlĂĄ, Eliot.
— Ouvi falar muito de vocĂȘ. — (Eliot
murmura com voz rouca. Christian franze a test.)
— NĂŁo acredite em uma palavra do que Kate
diz. — (Ana diz e Elliot ri.)
—
Estou indo deixar Anastasia em casa agora. — (Christian diz.) — Quer que eu
pegue vocĂȘ?
— Claro.
— Vejo vocĂȘ daqui
a pouco.
(Christian
desliga o telefone e a mĂșsica volta a tocar.)
— Por que vocĂȘ
insiste em me chamar de AnastĂĄsia?
— Porque Ă© seu
nome.
— Prefiro Ana.
— Prefere agora?
(Christian
estaciona em frente ao apartamento de Anastasia.)
— AnastĂĄsia... —
(Ele murmura pensativo.)
(Ana o olha com
cara feia.)
—
O que aconteceu no elevador nĂŁo vai voltar a acontecer. Bem, nĂŁo a menos que
seja premeditado. — (Ele diz.)
(Christian
sai do carro, andando ao redor do carro para o lado em que Ana estĂĄ, a fim de
abrir a porta.)
— Gostei do que
aconteceu no elevador. — (Ana murmura ao sair do carro. Christian dĂĄ um fraco suspiro
e Ana sobe os degraus até a porta de casa.)
(Kate
e Eliot estĂŁo sentados Ă mesa. Kate sorri para Ana, com o cabelo despenteado.
Christian a segue até a sala de estar, e Kate o encara com desconfiança.)
— Oi, Ana.
(Kate
se levanta para abraçar Ana e no momento em que a separa um pouco, a olhando de
cima a baixo. Franze o cenho e se volta para Christian.)
— Bom dia,
Christian! — Disse-lhe em tom ligeiramente hostil.
— Srta. Kavanagh
— (Christian responde num tom formal.)
— Christian, o nome
dela Ă© Kate — (Eliot resmungou.)
— Kate.
(Christian
assente com educação e encara Eliot, que ri e se levanta para abraçar Ana.)
— Oi, Ana. — (Elliot sorri.)
— OlĂĄ, Elliot.
(Ana sorri para
ele e morde os lĂĄbios de forma inconsciente.)
— Elliot, Ă©
melhor a gente ir. — (Christian diz em tom suave.)
— Claro.
(Elliot vira-se
para Kate, a abraça e lhe då um interminåvel beijo, a abaixando e fazendo o
cabelo Del quase encostar no chão. Ana olha para seus pés, incÎmoda. Levanta
a visĂŁo para Christian, que a olhava fixamente. Ela sustenta seu olhar.)
— AtĂ© mais, baby!
— (Elliot diz sorridente para Kate.)
(Kate
se derrete, apaixonada. Christian revira os olhos olha para Ana com expressĂŁo
impenetråvel, ainda que achando graça da situação. Ele pega uma mecha do cabelo
que escapou do rabo de cavalo dela e pÔe atrås da orelha. A respiração de Ana
fica entrecortada e ela apóia a cabeça nos dedos dele. Os olhos de Christian se
suavizam e ele passa o polegar pelo lĂĄbio inferior dela. Ele retira a mĂŁo de
imediato.)
— AtĂ© mais, baby.
— (Ele murmura.)
(Ana
nĂŁo consegue evitar o sorriso, estranhando ele dizer aquela frase.)
— Pego vocĂȘ Ă s
oito.
(Christian
då meia volta, abre a porta da frente e sai para a varanda. Elliot o segue até
o carro, mas se volta e lança outro beijo para Kate.)
—
E aĂ, vocĂȘ transou? — (Kate pergunta com evidente curiosidade enquanto os
observam sair de casa e descer os degraus.)
—
NĂŁo. — (Ana responde secamente, e ambas entram em casa.) — VocĂȘ obviamente
sim!
PARTE CHRISTIAN (VEF)
(Elliot sorri de orelha a orelha quando ele e Christian caminham até o
carro.)
— Eu estou apaixonado, mano! Kate Ă© incrĂvel! —
(diz Elliot. Christian
concorda com a cabeça em sarcasmo e då volta no carro. Elliot o olha com os
olhos brilhantes.) — EntĂŁĂŁĂŁo? VocĂȘ fez sexo?"
— NĂŁo! — (Christian diz com
firmeza.)
—
Ah... Eu pensei que
vocĂȘ tinha me convencido de que nĂŁo era gay na noite passada!
— E eu nĂŁo sou. Mas ela estava bĂȘbada. Eu nĂŁo
me aproveito das garotas que nĂŁo estĂŁo conscientes.
(Elliot sorri e os dois entram no carro.)
— EntĂŁo, hĂĄ esperança para vocĂȘs dois ainda?
— Talvez. — (Christian
responde incomodado.) — Muito cedo para dizer.
— Eu ouvi dizer que vocĂȘ vai buscĂĄ-la Ă s oito —
(Elliot sonda.)
— Sim —
(Christian diz secamente.)
— VocĂȘ gosta dela? Eu nunca, nunca vi vocĂȘ com
uma garota! VocĂȘ nĂŁo podia tirar seus olhos de cima dela. E nĂŁo pense que eu
nĂŁo percebi que vocĂȘ me repreendeu com o olhar fixo quando eu dei um abraço
nela. —
Elliot diz e Christian cerra os dentes.) — Pare de ser um mano puritano! Eu aprovo!
— Como se vocĂȘ tivesse
opção —
(Christian sorri para
o irmĂŁo.) — EntĂŁo, como foi com a companheira de quarto? —
(Christian diz mudando de assunto.)
— Deliciosa! IncrĂvel! Linda! Estou louco por
ela! Estou apaixonado — (Elliot suspira de modo
teatral, com os olhos brilhantes.)
— JĂĄ? — (Christian o
questiona com o olhar cético.)
— Bem, atĂ© agora, sim. NinguĂ©m me cativou assim
antes —
(Elliot diz seriamente,
encostando a cabeça no assento do carona. Christian assente
com a cabeça, prestando atenção.) — Eu vou vĂȘ-la de novo!
— Quais sĂŁo seus planos para o dia?
— (Christian pergunta
ao ligar o carro.)
— Na verdade nĂŁo fiz nenhum plano. O que vocĂȘ
tem em mente?
— Eu estava pensando em ir fazer uma caminhada
na trilha de Riverside — (Christian diz.)
— Claro, estou dentro!
— (diz Elliot animado, e
Christian parte dali.)
PARTE ANA
(Kate lhe dĂĄ um enorme sorriso como
resposta para Ana.)
— Eu vou sair com
ele de novo hoje Ă noite.
(Kate
bate palmas e pula como uma criança, não escondendo seu entusiasmo. Ana também
sorri alegre.)
— Christian vai
me levar a Seattle hoje Ă noite.
— Seattle?
— Ă.
— E aĂ talvez vocĂȘs transem?
— Ah, espero que
sim.
— EntĂŁo vocĂȘ
gosta dele?
— Gosto.
— O bastante
para...?
— Sim.
(Kate ergue as
sobrancelhas.)
— Uau. Ana Steele,
finalmente apaixonada por um homem, e ele Ă© Christian Grey: gostoso, sensual e
bilionĂĄrio.
— Ah, Ă© sĂł por
causa do dinheiro.
(Ana dĂĄ um
sorrisinho, e logo as duas estĂŁo gargalhando.)
— Essa blusa Ă©
nova? — (Kate pergunta.)
Deixei
que ela soubesse todos os detalhes desinteressantes sobre a minha noite.
— Ele jĂĄ beijou vocĂȘ? — (Kate
pergunta enquanto prepara o café. Ana ruboriza.)
— Uma vez.
— Uma vez! — (Kate
caçoa.)
(Ana assente
encabulada.)
— Ele Ă© muito
reservado.
(Kate franze a
testa.)
— Que estranho.
— Estranho Ă©
pouco.
—
Precisamos garantir que vocĂȘ esteja simplesmente irresistĂvel hoje Ă noite. — (Kate
diz com determinação.)
— Tenho que estar
na loja a uma hora.
— Posso trabalhar
nesse prazo. Vamos.
(Kate segura a
mĂŁo de Ana e a leva para seu quarto.)
* * *
ESCALA
(Quando Ana sai do Clayton's, Christian jĂĄ a esperava, apoiado na parte de trĂĄs do carro. Ele
abre a porta para ela e sorri cordialmente.)
— Boa noite, Srta.
Steele. — (ele diz.)
— Sr. Grey.
(Ana inclina a
cabeça educadamente e se senta no assento traseiro do carro. Taylor estå
sentado ao volante.)
— OlĂĄ, Taylor, — (Ana
cumprimenta o segurança.)
—
Boa noite, Srta. Steele. — (Taylor responde em tom educado e profissional.)
(Christian
entra pela outra porta e segura a mĂŁo de Ana, dando um pequeno aperto. Ana se
arrepia com o gesto.)
— Como foi o
trabalho? — (Christian pergunta.)
—
Muito demorado. — (Ana lhe responde com voz rouca, muito baixa e cheia de
desejo.)
— Ă, eu tambĂ©m
tive um dia longo.
—O que vocĂȘ fez?
— (Ana pergunta.)
— Fui dar uma
caminhada com Elliot.
(O
polegar de Christian acaricia os dedos dela por trĂĄs. Ana perde o fĂŽlego com o
gesto. O carro chega no local onde era o heliporto. Taylor estaciona, sai e
abriu a porta do lado dela do carro. Christian aparece ao lado dela num
instante e pega a mĂŁo dela novamente.)
— Preparada? — (ele
pergunta.)
(Ana
faz que sim, mesmo nervosa.)
— Taylor.
(Ana
faz um gesto para o chofer, eles entram no edifĂcio e se dirigem para os
elevadores.)
"Um elevador! A lembrança do beijo daquela manhĂŁ voltou a me obcecar. NĂŁo pensei em nada mais por todo o dia. Mesmo no Clayton's nĂŁo podia tirar tudo da cabeça. O Sr. Clayton precisou gritar comigo duas vezes para que voltasse para a Terra. Dizer que estive distraĂda era pouco."
(Christian
a olha com um ligeiro sorriso nos lĂĄbios.)
— SĂŁo apenas trĂȘs andares. — (ele diz
a ela com olhos divertidos.)
(Ana tenta se
manter impassĂvel ao entrar no elevador com Christian. As portas se fecham,
e Ana fecha os olhos brevemente, um pouco nervosa. Ele aperta a mĂŁo dela com
força, e cinco segundos depois as portas se abrem no terraço do edifĂcio. E lĂĄ
estava, um helicĂłptero branco com as palavras GREY ENTERPRISES HOLDINGS, Inc.
em cor azul e o logotipo da empresa de outro lado. Christian a leva a um
pequeno escritĂłrio onde um velho estava sentado atrĂĄs da mesa.)
—
Aqui estå seu plano de vÎo, Sr. Grey. Todas as verificaçÔes externas foram
feitas. A aeronave estĂĄ a postos. O senhor estĂĄ autorizado a decolar.
— Obrigado, Joe.
— (Responde Christian com um sorriso quente.)
(Ana encara o
homem.)
— Vamos. — (Diz
Christian.)
(Eles
se dirigem ao helicĂłptero. Christian abre a porta e lhe indicou um assento na
frente.)
—
Sente-se. NĂŁo toque em nada. — (Ele ordena e sobe por trĂĄs dela.)
(Christian
fecha a porta. Ana se acomoda no assento que ele indicou e ele se inclina para
atar o cinto de segurança dela.)
“Ă um cinto de quatro pontos com todas as tiras se conectando a um fecho central. Apertou tanto as duas tiras superiores, que eu nĂŁo podia me mover.”
(Ele
continua atando os cintos de quatro pontos e Ana quase se inclina para perto do
cabelo dele, que estava perto demais, mas nĂŁo consegue por estar bem presa ao
assento. Christian levanta o olhar para Ana e sorri, como estivesse se
divertindo com algo, seus olhos brilhando. Ele chega bem perto, e Ana tem que
conter a respiração enquanto ele aperta
uma das tiras superiores.)
—
VocĂȘ estĂĄ segura, sem escapatĂłria. — (ele murmura.) — Respire, AnastĂĄsia. — (Christian
acrescenta em tom doce.)
(Ele
se aproxima, acaricia-lhe o rosto, correndo os dedos longos até o queixo dela,
que pegou entre o polegar e o indicador. Inclina-se para frente e lhe dĂĄ um
rĂĄpido e casto beijo. Ana fica impactada e trĂȘmula.)
— Gosto dessa
correia. — (sussurra ele.)
(Christian
se acomoda ao seu lado, e se prende ao seu assento e em seguida começa um
processo de verificar medidores, virar interruptores e apertar botÔes do enorme
gama de marcadores, luzes e botÔes. Pequenas esferas piscam luzinhas, e todo o
painel de comando estava iluminado.)
—
Ponha os fones de ouvido — (ele diz apontando uns fones na frente dela.)
(Ana
os coloca e o motor começou a girar. Christian também coloca os fones e segue
movendo as alavancas.)
— SĂł estou
fazendo todas as verificaçÔes pré-decolagem.
(Ana olha para ele e sorri.)
— VocĂȘ sabe o que estĂĄ fazendo? — (ela
pergunta.)
(Christian se vira e sorri para ela.)
—
Fui brevĂȘ de piloto hĂĄ quatro anos, AnastĂĄsia. VocĂȘ estĂĄ segura comigo. — (Diz
sorrindo lascivamente.) — Bem, enquanto estivermos voando. — (Christian
acrescenta com uma piscadinha.)


(Ana se
surpreende com o gesto inesperado e sedutor.)
— EstĂĄ pronta?
(Ana concorda com os olhos muito
abertos.)
—
Tudo bem, torre. PDX, aqui é Charlie Tango Golf-Golf Echo Hotel, autorização
para decolar. Favor confirmar, cĂąmbio.
—
Charlie Tango, autorizado. PDX falando, prossiga para quatro mil, dirigindo Ă
zero um zero, cĂąmbio.
—
Ok, torre. Charlie Tango preparado. CĂąmbio e desligo. LĂĄ vamos nĂłs. — (Christian
acrescenta dirigindo-se a Ana.)
(O helicĂłptero se
eleva pelos ares lenta e brandamente. Portland desaparece enquanto eles adentram
ao espaço aéreo.)
— Estranho, nĂŁo?
— (Christian diz pelos fones.)
— Como sabe que estamos
indo na direção correta?
—
Aqui. — (Ele aponta para um dos indicadores que mostra uma bĂșssola eletrĂŽnica.)
— Este Ă© um EC135 Eurocopter. Um dos mais seguros de sua classe. Ă equipado
para vĂŽo noturno. — (Christian olha para ela e sorri.) — Tem heliporto no alto
do prédio onde moro.
(Ana
observo os traços de Christian com todos os detalhes, enquanto ele estå
concentrado no vĂŽo.)
"Tem um perfil muito bonito, o nariz reto e a mandĂbula quadrada. Eu gostaria de deslizar a lĂngua por sua mandĂbula. NĂŁo se barbeou, e sua barba de dois dias fez a perspectiva duplamente tentadora. Mmm..."
— Quando voamos Ă
noite, o vĂŽo Ă© cego. Temos que confiar nos instrumentos. — (Grey diz a
Ana, interrompendo as fantasias erĂłticas que ela estava tendo sobre ele.)
— Quanto tempo
vai levar o vĂŽo? — (Ana consegue dizer, quase sem fĂŽlego.)
— Menos de uma
hora. Estamos a favor do vento.
(Ana assente.)
— VocĂȘ estĂĄ bem,
AnastĂĄsia?
— Estou. — (Ana lhe
responde de modo curto, cortada e nervosa.)
(Christian
sorri na penumbra, sem Ana perceber. Ele aciona outro botĂŁo.)
—
PDX, aqui Charlie Tango agora em quatro mil, cĂąmbio.
(Christian
troca informação com o controle de tråfego aéreo.)
— Compreendido,
Sea-Tac, a postos, cĂąmbio e desligo. Olhe ali. — (Ele aponta para um ponto de
luz ao longe.) — Ă Seattle.
—
VocĂȘ sempre impressiona as mulheres desse jeito? Venha voar no meu helicĂłptero?
— (Ana lhe pergunta genuinamente interessada.)
—
Nunca trouxe nenhuma garota aqui em cima, AnastĂĄsia. Ă outra primeira vez para
mim. — (Christian responde em tom baixo, embora sĂ©rio.)
— EstĂĄ
impressionada?
— Estou apavorada,
Christian.
(Ele ri.)
— Apavorada?
(Ana balança a
cabeça, assentindo.)
— VocĂȘ Ă© tĂŁo...
competente!
— Ora, obrigado,
Srta. Steele — (Christian diz educadamente.)
(Eles viajam calados por um tempo.)
— Torre Sea-Tac
para Charlie Tango. Plano de vĂŽo para Escala pronto. Favor, prosseguir. Aguarde
contato, cĂąmbio.
—
Aqui Charlie Tango, compreendido, Sea-Tac. Aguardando, cĂąmbio e desligo.
— EstĂĄ na cara
que vocĂȘ gosta disso — (Ana murmura.)
— O que?
(Christian a
encara.)
— Voar. — (ela
lhe responde.)
—
Isso exige controle e concentração... como eu poderia não gostar? Mas o que eu prefiro
Ă© planar.
— Planar?
—
Ă, voar em planador. Planadores e helicĂłpteros, piloto as duas coisas.
— Ah.
— Charlie Tango, pode
seguir, por favor, cĂąmbio.
—
Ă bonito, nĂŁo Ă©? — (Christian pergunta num murmĂșrio, enquanto avistam Seattle
mais perto.)
(Ana
balança a cabeça entusiasmada.)
— Vamos chegar em
poucos minutos. — (Christian murmura.)
(Ana se agarra Ă
borda de seu assento cada vez com mais força enquanto via o edifĂcio Escala bem
de perto. O
helicĂłptero reduz a velocidade e fica suspenso no ar. Christian aterrissa na
pista do terraço do edifĂcio. Ele desligou o motor, e o movimento e o ruĂdo do
rotor diminui. Christian retira os fones e se inclinou para tirar os dela.)
— Chegamos. — (Christian
diz com a voz baixa.)
(O
olhar dele Ă© intenso, a metade na escuridĂŁo e a outra metade iluminada pelas
luzes brancas de aterrissagem. Christian abre seu cinto de segurança e se
inclina para abrir o dela. Seus rostos estavam bem prĂłximos.)
— VocĂȘ nĂŁo
precisa fazer nada que nĂŁo queira. Sabe disso, nĂŁo Ă©?
(O
tom de Christian era muito sério, inclusive angustiado, e seus olhos, ardentes.
Ana se sente surpresa. Ela engole em seco ao olhar para ele.)
— Eu nunca faria
nada que nĂŁo quisesse, Christian.
(Christian
a encara um instante com cautela e logo, apesar de ser tĂŁo alto, move-se com
elegùncia até a porta do helicóptero e a abre. Ele pula, a esperando e agarra a
mĂŁo de Ana para ajudĂĄ-la a descer para a pista. Ana sente um breve medo por
estar num lugar tão alto e Christian passa o braço pela cintura dela, a puxando
firmemente contra ele.)
— Vem. — (Ele
grita por cima do ruĂdo do vento.)
(Christian
a arrasta atĂ© um elevador, digita um nĂșmero em um painel, e a porta se abre. No
elevador, completamente revestido de espelhos, fazia calor. Digita outro
código, e as portas se fecham e o elevador começou a descer.)
“Logo depois estamos num hall todo branco. No meio hĂĄ uma mesa redonda de madeira escura, e sobre ela, um ramalhete incrĂvel imenso de flores brancas. HĂĄ quadros em todas as paredes. Ele abre uma porta dupla, e a cor branca permanece no corredor largo em cuja extremidade fica a entrada de uma sala palaciana. Ă a sala principal com pĂ© direito duplo. Enorme nĂŁo Ă© a palavra certa para todo aquele tamanho. A parede do fundo Ă© de vidro e dĂĄ para uma varanda que domina Seattle. Ă direita hĂĄ um imponente sofĂĄ em ‘U’ onde dez pessoas podiam se sentar confortavelmente. Em frente ao sofĂĄ, a lareira mais moderna que se pode imaginar, em aço inoxidĂĄvel ou talvez platina. O fogo aceso iluminava brandamente. Ă esquerda, junto Ă entrada, acho, e nela arde um fogo suave. Toda branca, com as bancadas em madeira escura. E encaixado no canto, um reluzente piano de cauda preto. [...] HĂĄ arte de todas as formas e tamanhos nas paredes.”
— Posso pegar sua
jaqueta? — (Christian lhe pergunta.)
(Ana nega com a
cabeça, pois ainda estava com frio.)
— Quer beber
alguma coisa? — (Christian pergunta.)
(Ana assente,
ainda calada.)
— Vou beber uma
taça de vinho branco. VocĂȘ me acompanha?
— Sim, obrigada.
— (Ana murmura.)
(Ana
se aproxima da parede de cristal, analisando todo aquele lugar, enquanto Christian
abre um vinho do outro lado, jĂĄ sem sua jaqueta.)
— Poully FumĂ©
estĂĄ bom para vocĂȘ?
—
NĂŁo entendo nada de vinho, Christian. Tenho certeza de que Ă© Ăłtimo.
(Ana
diz em voz baixa e entrecortada.)
— Aqui. — (Ele
diz ao estender uma taça de vinho.)
(Ana pega a taça
luxuosa de cristal grosso e moderno. Ela toma um gole.)
—
VocĂȘ estĂĄ muito calada, e nem mesmo estĂĄ corando. Na verdade, acho que nunca te
vi vocĂȘ tĂŁo branca, AnastĂĄsia. — (Christian murmura.) — EstĂĄ com fome?
(Na nega com a
cabeça.)
— Ă uma casa
muito grande essa aqui.
— Grande?
— Grande.
— Ă grande. — (Concorda
ele com os olhos brilhando divertidos.)
— VocĂȘ toca? — (Ana
lhe pergunta apontando para o piano.)
— Bem?
— Sim
— Claro que toca.
Existe alguma coisa que vocĂȘ nĂŁo saiba fazer bem?
— Sim... algumas
coisas.
(Ana
toma um gole de vinho sem tirar os olhos de cima de dele. O olhar de Christian
a segue quando ela se vira para olhar o imenso salĂŁo.)
— Quer sentar?
(Ana
concorda com a cabeça. Ele agarra a mão dela e a leva ao grande sofå de cor
nata. Enquanto se senta, Ana se imagina como Tess Durbeyfield e sorri.)
— Qual Ă© a graça?
(Christian
se senta ao seu lado, a olhando. Ele descansa a cabeça sobre a mão direita e o
cotovelo fica apoiado na parte de trĂĄs do sofĂĄ.)
—
Por que me deu especificamente o Tess, of
the D'Urberville? — (Ana pergunta.)
(Christian
a olha fixamente por um momento.)
— Bem, vocĂȘ disse
que gostava de Thomas Hardy.
— SĂł por isso?
(A
voz de Ana soa decepcionada. Christian aperta os lĂĄbios.)
—
Pareceu adequado. Eu poderia manter vocĂȘ num ideal elevadĂssimo como Angel
Clare ou degradĂĄ-la completamente como Alec d'Urbervile. — (Ele murmura.)
(Os olhos de
Christian brilham impenetrĂĄveis e perigosos.)
—
Se sĂł houvesse duas opçÔes, eu ficaria com a degradação. — (Ana sussurra
enquanto o encara. Christian fica boquiaberto.)
—
AnastĂĄsia, para de morder o lĂĄbio, por favor. Isso distrai muito. VocĂȘ nĂŁo sabe
o que estĂĄ dizendo.
— Por isso estou
aqui.
(Christian franze
a testa.)
— Sim. Pode me
dar licença um minuto?
(Christian
desaparece por uma grande porta no outro extremo do salĂŁo. Ele volta em dois
minutos com uns papéis nas mãos.)
—
Este Ă© um termo de confidencialidade. — (Ele encolheu os ombros, ligeiramente
incĂŽmodo.) — Minha advogada insiste nisso.
(Christian
estende os papéis para Ana. Ela fica totalmente perplexa.)
— Se vocĂȘ escolher
a segunda opção, a degradação, vai precisar assinar isso.
— E se nĂŁo quiser
assinar nada?
—
AĂ sĂŁo os ideais elevdos de Angel Clare, bem, na maior parte do livro, pelo
menos.
— O que esse
acordo significa?
—
Significa que vocĂȘ nĂŁo pode revelar nada sobre nĂłs. Para ninguĂ©m.
(Ana
o observa e assente.)
—
Tudo bem. Eu assino.
(Christian
lhe entrega uma caneta.)
—
VocĂȘ nem vai ler?
— NĂŁo.
(Ele franze a
testa.)
— AnastĂĄsia, vocĂȘ
deve sempre ler tudo o que assinar. — (Christian aconselha.)
—
Christian, o que vocĂȘ nĂŁo conseguiu entender Ă© que de qualquer forma eu nĂŁo contaria
a ninguém. Nem a Kate. Poratanto, é irrelevante assinar ou não. Se isso é tão
importante para vocĂȘ ou para sua advogada... para quem vocĂȘ obviamente conta, tudo
bem. Eu assino.
(Christian a
observa fixamente e assente muito sério.)
— TouchĂ©, Srta. Steele.
(Ana
assina ostensivamente as duas cĂłpias e lhe devolve uma. Ela dobra a outra, a
enfia na minha bolsa e toma um comprido gole de vinho. Christian a olha sem
acreditar.)
—
Isso quer dizer que vocĂȘ vai fazer amor comigo hoje Ă noite, Christian?
—
Não, Anaståsia, não quero dizer isso. Em primeiro lugar, eu não faço amor. Eu
fodo... com força. Em segundo lugar, ainda tem muita papelada para assinar. E
em terceiro, vocĂȘ ainda nĂŁo sabe onde estĂĄ se metendo. Ainda pode cair fora.
Venha, quero mostrar meu quarto de jogos.
(Ana
o encara boquiaberta e corada.)
— Quer jogar
Xbox? — (Ela pergunta.)
(Christian ri
alto.)
— NĂŁo, AnastĂĄsia.
Nada de Xbox, nada de Playstation. Venha.
(Christian
se levanta e estende a mĂŁo para Ana. Christian a leva de volta para o corredor,
em direção a uma outra porta que da a uma escada. Eles sobem ao andar de cima e
viram à direita. Ele retira uma chave do bolso da calça, vira a fechadura da
porta e respira fundo.
—
VocĂȘ pode ir embora quando quiser. O helicĂłptero estĂĄ Ă espera para levĂĄ-la na
hora que quiser ir. Ou pode passar a noite aqui e voltar para casa amanhĂŁ de
manhĂŁ. Par mim, o que vocĂȘ decidir estĂĄ bom.
— Abre o raio da
porta, Christian.
(Christian abre a
porta e se afasta para o lado para que ela entrasse primeiro. — Ana volta a
olhĂĄ-lo, querendo saber o que havia ali dentro. Ela para e entra.)
“E senti como se ele tivesse me transportado ao sĂ©culo XVI, Ă Ă©poca da Inquisição espanhola. Puta merda.”
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