terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Cinquenta Tons de Cinza - capítulo 10 (primeira temporada)




*

(Christian sai de dentro de Ana, e ela estremece. Ele se senta na cama, tira a camisinha usada e joga em um cesto de papéis.)
— Vamos, precisamos nos vestir, isto é, se você quiser conhecer minha mãe. — (Ele sorri, levanta-se da cama e veste o jeans sem vestir a cueca! Ana faz força para se levantar, mas continua amarrada.)
— Christian, não consigo me mexer. — (ela diz, mas sorrindo também.)

(Ele abre mais o sorriso, inclina-se e desamarra a gravata, que deixa a marca do tecido nos pulsos dela. Ele a olha achando graça, com os olhos sorridentes, e lhe dá um rápido beijo na testa.)





— Outra primeira vez — (ele diz.)

— Não tenho roupa limpa aqui. — (Ana olha agoniada para a porta, sentada e abraçando os joelhos.) — Talvez eu deva ficar.
— Ah, não deve, não — (Christian ameaça.) — Você pode usar alguma roupa minha.
(Ele veste uma camiseta branca e passa a mão pelo cabelo revolto. Ana o encara boba.)
— Anastásia, você podia vestir um saco de dormir e continuaria linda. Por favor, não se preocupe. Eu gostaria que conhecesse minha mãe. Vista-se. Vou lá acalmá-la. — (Ele aperta os lábios.) — Espero você no salão em cinco minutos, do contrário, venho pessoalmente arrastá-la daqui, do jeito que estiver vestida. As camisetas estão nesta gaveta. As camisas de tecido estão no armário. Sirva-se — (Ele a olha especulativo por um momento e sai do quarto.)

* * *

(Grace está em pé no corredor em frente à porta de entrada, e Taylor está falando com ela. Ela sorri quando vê Christian.)

— Querido, não tinha idéia de que você poderia ter companhia — (ela exclama, um pouco envergonhada.) — Olá, mãe. — (Ele beija a bochecha da mulher ruiva.) — Lidarei com ela agora — ele diz a Taylor.
— Sim, Sr. Grey. — (Taylor balança a cabeça e sai pelo corredor.)
— Obrigada, Taylor — (Grace fala para ele, logo virando sua atenção para o filho.) — Lidar comigo? — (diz ela em repreensão.) — Estava fazendo compras no centro e pensei que poderia dar uma passada aqui para um café. — (Ela para.) — Se soubesse que você não estava sozinho... — (Grace encolhe os ombros.)

(VG)

“Ela muitas vezes passou aqui para um café e havia uma mulher aqui... mas ela simplesmente nunca soube.”


— Ela vai se juntar a nós em um momento — (Christian diz, enquanto Grace fica ansiosa.) — Você quer sentar? — (Ele acena para o sofá.)

— Ela?

— Sim, mãe. Ela. — (ele diz seco ao tentar não rir.)
(Grace fica ansiosa ao andar pela sala de estar.)
— Vejo que você tomou café da manhã — (ela observa, olhando as panelas sujas.)

— Você gostaria de um pouco de café?

— Não. Obrigada, querido. — (Ela se senta.) — Vou conhecer a sua... amiga e, em seguida, vou embora. Não quero interrompê-lo. Tive a sensação de que você estaria escravizado em seu escritório. Você trabalha muito duro, querido. Pensei que poderia arrastá-lo para longe.

(Christian se junta a ela no sofá.)

— Não se preocupe. Por que não foi à igreja esta manhã?

— Carrick teve que trabalhar, então pensamos em ir para na missa vespertina. Suponho que seja demais esperar que você venha com a gente.
(Ele levanta uma sobrancelha em desprezo cínico.)

— Mãe, você sabe que isso não é para mim.
(Grace suspira.)

* * *

(Ana recolhe a blusa do chão, encontra o sutiã azul debaixo da cama e se veste rapidamente. Ela anda até a cômoda de Christian e procura uma de suas cuecas, pondo uma cinza da Calvin Klein, o jeans e o tênis. Pega a jaqueta, corre ao banheiro, e observa por um momento seu estado, de quem acabou de fazer sexo. Ela procura uma escova, mas só encontra um pente, tentando fazer um rápido rabo de cavalo. Ela põe a jaqueta, cobrindo os punhos marcados pela gravata, e se olha nervosa para o espelho, dirigindo-se à sala de estar.)






— Aí está ela — (diz Christian levantando do sofá, olhando-a de forma apreciativa.)

(Grace se vira e dá um enorme sorriso, levantando-se também.

“Está impecavelmente vestida, com um vestido estilo camisa, castanho claro, com sapatos combinando. Está arrumada, elegante, bonita, e me mortifico um pouco pensando como estou um desastre.”

— Mãe, esta é Anastásia Steele, Anastásia, esta é Grace Trevelyan-Grey.
(Grace estende a mão para Anastasia, que aceita na hora.)

— Que prazer em conhecê-la — (ela murmura, com a voz atordoada e ao mesmo tempo aliviada.)
— Dra. Trevelyan-Grey — (Ana murmura, apertando a mão dela.)






— Pode me chamar de Grace. — (Ela sorri, e Christian franze a testa.) — Normalmente me chamam de Dra. Trevelyan, e a Sra. Grey é minha sogra. — (Ela dá uma piscada.) — Então, como vocês se conheceram? — (ela pergunta olhando para Christian, bastante curiosa.)
— Anastásia me entrevistou para o jornal da WSU porque vou entregar os diplomas esta semana.
— Então, você se forma esta semana? — (Grace pergunta.)

— Sim. — (Ana responde, e o celular dela toca.) — Com licença. — (Ana se aproxima do balcão da cozinha e pega o telefone e checa o número.) — Kate.
— E farei o discurso de formatura — (Christian diz a Grace, mas com a atenção voltada para Ana.)

Dios mio, Ana! — (diz José no telefone, muito preocupado.) — Onde você está? Ando tentando falar com você. Preciso encontrá-la, para me desculpar pelo meu comportamento na sexta-feira. Por que não retornou minhas ligações?

— Olha, José, agora não é uma boa hora.

(Ana olha ansiosa para Christian, que a observa atentamente.)





(VEF)
“Eu tenho que deixá-la saber que eu não compartilho, e eu não quero que ela fique vendo outros caras. Eu a reivindiquei, e eu não quero mais ninguém colocando reivindicações sobre ela. Ela é minha! Ela tem que ser minha. Deus! Eu não posso conter esse ciúme em mim! Eu só quero enviar minha mãe fora e tomá-la de novo, para que ela saiba a quem ela pertence. Ela é minha!”

— Onde você está? Kate está sendo muito evasiva — (ele resmunga.)

— Estou em Seattle.

— O que você está fazendo em Seattle? Está com ele?

— José, ligo para você depois. Não posso falar agora.
(Ela desliga e volta tranquilamente para Christian e Grace, que continua a falar, embora Christian não esteja dando muita atenção.)
— Deixei uma mensagem para Elliot, em seguida, descobri que ele estava em Portland. Não o vejo desde a semana passada, e Elliot ligou para dizer que você estava por aqui. Não vejo você há duas semanas, querido.
— Ele ligou agora? — (Christian murmura para a mãe, olhando para Ana com expressão indecifrável.)
— Achei que podíamos almoçar juntos, mas vejo que você tem outros planos, e não quero atrapalhar seu dia. — (Grace pega seu sobretudo cor creme, vira-se para ele, oferecendo-lhe o rosto. Ele a beija rapidamente com carinho. Ela não toca nele.)
— Tenho que levar Anastásia de volta para Portland.

— Claro, querido. Anastásia, foi um prazer. Espero que a gente torne a se encontrar.
(Ela estende a mão para Ana, com um enorme sorriso no rosto, e Ana a cumprimenta. Taylor aparece na sala.)

— Sra. Grey? — (ele pergunta.)

— Obrigada, Taylor. — (Ele a acompanha através das portas duplas até o hall.)
(Christian olha irritado para Ana, quando ela está mordendo o lábio.)

— Então o fotógrafo ligou?
(Ela engasga.)
— Ligou.

— O que ele queria?

— Só se desculpar. Por sexta-feira.
(Christian franze a testa.)

— Entendi — (ele diz simplesmente.)
(Taylor volta.)
— Sr. Grey, há um problema com o carregamento de Darfur.
(Christian acena secamente para ele com a cabeça.)
— Charlie Tango voltou para o Campo da Boeing?

— Sim, senhor. — (Taylor cumprimenta a cabeça para Ana.) — Senhorita Steele.

(Ana dá um sorriso tímido para ele, que se vira e sai.)

— Ele mora aqui? Taylor?

— Mora — (Christian responde secamente. Ana franze a testa, estranhando o comportamento dele.)

(Christian pega o BlackBerry na cozinha e manda uns e-mails, contrai os lábios e faz uma ligação.)
— Ros, qual é o problema? — (pergunta secamente.)
— Olá, Grey. O relatório que veio de Darfur não é bom. Eles não podem garantir a segurança do embarque ou da manutenção da tripulação, e o Departamento de Estado não está disposto a aprovar a ajuda sem o apoio da ONG.
— Não aceito colocar nenhum tripulante em risco.
— Poderíamos tentar e contratar mercenários.
— Não, cancele!
— Mas o custo... — (Ros protesta.)
— Vamos jogar pelo ar em vez disso.
— Sabia que diria isso, Grey. Tenho um plano em andamento. Isso será caro. Nesse meio tempo, os containers podem ir de Rotterdam para Philly e podemos pegá-los lá. É isso aí.
— Ótimo.
(Christian desliga, e lança um rápido olhar hostil para Ana, dirigindo-se para seu escritório e volta um momento depois.)
— Este é o contrato. Leia-o, e vamos conversar sobre ele na semana que vem. Sugiro que faça algumas pesquisas, para saber no que está se envolvendo. — (Ele faz uma pausa.) — Isto é, se você concordar, e espero que concorde. — (acrescenta em tom mais suave, nervoso.)

— Pesquisas?

— Você vai ficar surpresa com o que se pode encontrar na internet — (ele murmura.)
(Ana franze a testa.)
— O que foi? — (ele pergunta, inclinando a cabeça para o lado.)

— Eu não tenho computador. Normalmente uso os computadores da faculdade. Vou ver se posso usar o laptop de Kate.

(Ele entrega um envelope pardo para ela.)

— Tenho certeza que posso... hã, emprestar um para você. Pegue suas coisas. Vamos de carro para Portland, e almoçamos no caminho. Preciso me vestir.
— Só vou dar um telefonema — (ela murmura hesitante. Christian franze a testa.)
— Para o fotógrafo? — (Christian cerra os dentes e seus olhos ardem. Ana o encara confusa.) — Eu não gosto de compartilhar, Srta. Steele. Lembre-se disso. — (o tom de voz dele é calmo e frio ao mesmo tempo. Ele se vira e volta para o quarto, deixando Ana sem o que dizer e confusa.)
(Christian remove o jeans e coloca uma cueca boxer, depois pega a gravata prateada que está no chão. Ele enfia a gravata e outras duas numa bolsa do tipo mensageiro, junto com meias, cuecas e preservativos. Reúne um par de ternos e camisas e os coloca dentro também. Ele veste um jeans limpo e pego uma jaqueta de couro. Seu telefone vibra, e ele vê um texto de Elliot.)


*Eu estou voltando hoje no seu carro. Espero não estragar seus planos.

(Christian manda uma mensagem de volta.)


*Não. Estou voltando para Portland agora. Deixe Taylor saber quando você chegar.


(Christian liga para Taylor através do sistema de telefone interno.)

— Sr. Grey?

— Elliot está trazendo o SUV de volta em algum momento esta tarde. Traga-o de volta para Portland amanhã. Vou ficar no The Heathman até a cerimônia de formatura. Deixei algumas roupas que gostaria que você trouxesse também.

— Sim, senhor.
— Ótimo.

(Christian desliga e faz mais um telefonema.)

— Sr. Grey? — (Barney atende.)

— O que você está fazendo no escritório, Barney? É domingo.

— Estou trabalhando no projeto tablet. A questão de célula solar está me incomodando.

— Você precisa de uma vida em casa. — (Barney ri.)

— O que posso fazer pelo senhor, Sr. Grey?

— Você tem algum laptop novo?

— Eu tenho dois aqui da Apple.— Ótimo. Preciso de um.

— Certo.

— Você pode configurá-lo com uma conta de e-mail para Anastasia Steele? Ela vai ser a proprietária.

— Como se soletra 'Steal'?

— S.T.E.E.L.E.
— Legal.

— Ótimo. Andrea vai entrar em contato hoje para organizar a entrega.

— Certo, senhor.

— Obrigado, Barney, e vá para casa.

— Sim, senhor.

(Christian envia uma mensagem de texto para Andrea com instruções para enviar o laptop para o endereço da casa de Ana, em seguida, retorna para a sala de estar. Ana está sentada no sofá, mexendo com os dedos. Ela dá um olhar cauteloso para ele e se levanta.)
— Pronta? — Christian pergunta enquanto os dois estão parados ao lado das portas duplas do hall. Ana concorda, incerta. Ele leva a bolsa de couro sobre o ombro.

“Usa uma jaqueta de couro preta. Sem dúvida, não parece o multimilionário, bilionário, ou seja lá o que for, com essa roupa. Parece um bad boy, talvez um astro de rock mal-comportado ou um modelo de passarela.”




(Ana suspira ao olhar para ele. Taylor está esperando ao fundo.)
— Amanhã, então — (ele diz para Taylor, que concorda.)

— Sim, senhor. Que carro vai usar?
— O R8.

— Boa viagem, Sr. Grey. Srta. Steele. — (Taylor a olha com simpatia, embora também tenha um olhar de pena.

“Sem dúvida, ele pensa que sucumbi aos hábitos sexuais duvidosos do Sr. Grey. Ainda não, só a seus hábitos sexuais excepcionais, ou vai ver que o sexo é assim para todo mundo. Franzo a sobrancelha com essa idéia. Não tenho com o que comparar, e não posso perguntar a Kate. Isso é um problema que vou ter que abordar com Christian. É normalíssimo eu falar com alguém – e não posso falar com ele se num momento é receptivo e em seguida fica distante.”

(Taylor nos segura a porta para que Christian e Ana saiam. Christian chama o elevador.)
— O que foi, Anastásia? — (ele pergunta. Ela solta os dentes do lábio inferior e olha para ele. Christian chega mais perto e levanta seu queixo.)
— Pare de morder o lábio, ou vou transar com você aqui no elevador, e nem quero saber se vai aparecer alguém.




(Ana ruboriza, e os lábios dele esboçam um ligeiro sorriso.)
— Christian, estou com um problema.

— O que é? — (pergunta, a observando com atenção.)

(Chega o elevador, eles entram, e Christian aperta o botão marcado com um ‘G’.)

— Bem... — (Ela ruboriza.) — Preciso falar com Kate. Tenho muitas perguntas sobre sexo, e você está muito envolvido. Se quiser que eu faça essas coisas, como vou saber...? — (ela para, tentando encontrar as palavras certas.) — Eu simplesmente não tenho nenhuma referência.
(Ele revira os olhos.)
— Fale com ela, se precisar. — (ele responde exasperado.) — Só não deixe que ela mencione nada para Elliot.

(Ana faz cara feia.)

— Ela não faria isso, e eu não contaria nada que ela me contasse de Elliot, se ela me contasse alguma coisa — (ela acrescento rapidamente.)
— Bem, a diferença é que eu não quero saber da vida sexual dele — (murmura Christian em tom seco.) — Elliot é um filho da mãe intrometido. Mas só fale a respeito do que nós fizemos até agora — ele avisa.) — Ela provavelmente me castraria se soubesse o que pretendo fazer com você — (ele acrescenta em voz bem baixa.)
— Ok — (Ana concorda prontamente, sorrindo para ele, aliviada. Ele franze os lábios e sacode a cabeça.)

— Quanto antes eu tiver sua submissão, melhor, e podemos parar com isso — (ele murmura.)
— Parar com o que?

— Com você me desafiando. — (Christian pega o queixo dela e lhe dá um rápido beijo nos lábios.)
(As portas do elevador se abrem, ele a agarra pela mão e a leva para a garagem subterrânea. Ao lado do elevador, Christian aperta um comando para que o Audi 4x4 negro abra as portas, e acendem-se as luzes.)






— Bonito carro — (ela murmura secamente. Ele levanta o olhar e sorri.)
— Eu sei — (Christian responde, sorrindo. Ana revira os olhos, mas sorri em resposta. Ele abre a porta do carro para que ela possa entrar, e dá a volta no carro para sentar.)
— Então, que tipo de carro é esse?

— Um Audi R8 Spyder. Está um dia lindo, podemos baixar a capota. Tem um boné aí dentro. — (Ele aponta para o porta-luvas.) — Na verdade, deve ter dois. E óculos escuros também, se você quiser.
(Christian dá a partida na ignição, e o motor ronca. Ele coloca a bolsa de couro entre os dois assentos, aperta um botão e a capota retrai lentamente, depois apertando outro botão, deixando a música “I’m on fire”, do Bruce Springsteen invadir o ambiente.)




— Não dá para não gostar do Bruce — (ele sorri para ela, tira o carro do estacionamento e sobe a rampa, mas param por um momento, esperando a cancela levantar.)
(Ana abro o porta-luvas, pega dois bonés de beisebol da equipe dos Mariners, e passa um dos bonés para ele, que o coloca, e põe o outro. Ela passa o rabo de cavalo pela parte de trás do boné e puxa a aba para baixo. (Ana está quieta, ouvindo a música e olhando para fora da janela. Christian olha por um breve momento para ela, através dos óculos escuros Rayban, depois volta a atenção na estrada.)

(VG)

“Até agora, este fim de semana foi inesperado. Mas o que eu esperava? Pensei que iríamos jantar, discutir o contrato, e então o que...? Talvez transar com ela fosse inevitável.”


(Ele olha mais uma vez para ela.)

(VG)

“Sim... E eu quero transar com ela novamente. Gostaria de saber o que ela estava pensando. Ela dá poucas pistas, mas aprendi algumas coisas sobre Ana. Apesar de sua inexperiência, ela está disposta a aprender. Quem teria pensado que, sob esse exterior tímido ela tem a alma de uma sereia? Uma imagem de seus lábios ao redor do meu pau vem à mente e suprimo um gemido. Sim... ela está mais do que disposta. O pensamento é excitante.”

(Ele contrai os lábios e pousa a mão no joelho dela, apertando com delicadeza.)

— Está com fome? — (ele pergunta, ela o encara desejosa.)

— Não muita.
(Christian contrai os lábios.)
— Você precisa comer, Anastásia, — (ele a repreende.) — Conheço um restaurante  ótimo perto de Olympia. Vamos parar lá.
(Ele aperta o joelho dela novamente, e depois volta a pegar no volante e pisa no acelerador. Ana se segura com firmeza no assento, por causa da velocidade do carro.)

“O restaurante é pequeno e íntimo, um chalé de madeira no meio de uma floresta. A decoração é rústica: cadeiras e mesas espalhadas aleatoriamente, cobertas com toalhas de algodão e decoradas com pequenos vasos de flores. CUISINE SAUVAGE, diz a placa na entrada.”



(VG)
“O CUISINE SAUVAGE é pequeno, e cheio de casais e famílias que apreciam um brunch aos domingos. Com a mão de Ana na minha, nós seguimos a hostess para a nossa mesa. A última vez que vim aqui foi com Elena. Eu me pergunto o que ela diria de Anastasia.”

— Faz tempo que não venho aqui. Eles preparam o que colheram ou capturaram.
(Ele ergue as sobrancelhas fingindo horrorizar-se, e os dois riem. A garçonete leva a carta de vinhos, ruboriza ao ver Christian e se esconde debaixo de sua comprida franja loira para evitar olhá-lo nos olhos.)

— Duas taças de Pinot Grigio, — diz Christian em tom autoritário, notando o olhar da garçonete para ele. Ana aperta os lábios, aborrecida. — O que? — (ele pergunta bruscamente.)





— Eu queria uma Coca Zero — (ela murmura.)
(Christian franze a testa e balança a cabeça em negativa.)
— O Pinot Grigio daqui é um vinho honesto. Vai harmonizar bem com a refeição, seja ela qual for — (diz em tom paciente.)
— Seja ela qual for?

— Sim.

(Ele esboça um deslumbrante sorriso inclinando a cabeça, e Ana engole em seco. Ela sorri de volta.)
— Minha mãe gostou de você — (ele diz de modo seco.)

— É mesmo? — (Ana fica lisonjeada.)

— Ah, sim. Ela sempre achou que eu fosse gay.
(Ana fica boquiaberta.)
— Por que ela achou que você fosse gay? — (ela sussurra.)

— Porque nunca me viu com uma garota.

— Ah... nem com uma das quinze?
(Ele ri.)
— Você se lembra. Não, nenhuma das quinze.

— Ah.
— Você sabe, Anastásia, este foi um fim de semana de primeiras vezes — (ele diz em voz baixa.)
— Foi?

— Eu nunca dormi com ninguém, nunca fiz sexo na minha cama, nunca levei uma garota no Charlie Tango, nunca apresentei uma mulher à minha mãe. O que você está fazendo comigo? — (Christian a olha com os olhos ardentes de desejo, e Ana quase perde o fôlego ao olhar de volta para ele.)
(A garçonete chega com as taças de vinho, e Ana imediatamente dá um pequeno gole, ainda olhando para ele.)
— Gostei muito deste fim de semana — (ela diz em voz baixa, mordendo o lábio inferior. Ele torna a apertar.)
— Pare de morder o lábio — (ele grunhe.) — Eu também gostei — (ele acrescenta.)

(VG)
“Também, e percebo que não tinha desfrutado de um fim de semana por um tempo... desde que Susannah e eu nos separamos.”

— O que é sexo baunilha? — (Ana pergunta, tentando tirar o foco do intenso olhar que Christian está lhe dando. Ele ri.)

— É sexo convencional, Anastásia. Nada de brinquedos, nem acessórios. — (ele encolhe os ombros.) — Bem, na verdade você não sabe a diferença, mas é o que significa.
— Ah. — (ela di um pouco cabisbaixa.)
(A garçonete leva uma sopa, que ambos olham com certo receio.)

— Sopa de urtiga — (lhes informa a garçonete, dando meia volta e retornando bruscamente para a cozinha.)





(Ana prova a sopa, e se alivia por gostar do gosto. Christian e ela se olham, aliviados. Ela dá uma risada e ele inclina a cabeça.)
— Esse som é muito agradável — (ele murmura.)

— Por que você nunca tinha feito sexo baunilha? Sempre fez... hum, do jeito que faz? — (ela lhe pergunta intrigada.)
(Ele concorda lentamente.)

(VG)
“E então me pergunto se eu deveria expandir sobre este assunto. Mais do que tudo, preciso que ela seja comunicativa comigo; quero que ela confie em mim. Nunca sou assim franco, mas acho que posso confiar nela.”


— Mais ou menos — (ele responde com cautela, franzindo a testa, logo levanta os olhos para Ana.) — Uma das amigas da minha mãe me seduziu quando eu tinha quinze anos.

— Ah. — (Ana arregala os olhos com espanto, parando com a colher a centímetros da boca.)

— Ela tinha gostos muito especiais. Fui submisso a ela durante seis anos. — (Ele encolhe os ombros.)
— Ah. — (ela só consegue dizer, atordoada.)

— Por isso sei exatamente o que isso envolve, Anastásia. — (os olhos de Christian brilham de forma sagaz.)
(Ela o observa fixamente, sem dizer nada.)
— Na verdade, não tive uma introdução normal ao sexo.
— Então você não namorou ninguém na faculdade? — (Ana pergunta, dando uma colherada na sopa.)

— Não — (Christian responde, balançando a cabeça em negativo.)
(A garçonete chega para retirar as tigelas, os interrompendo por um momento.)
— Por quê? — (Ana pergunta, quando a garçonete se retira.)
(Christian sorri com ironia.)
— Quer saber mesmo?

— Quero.

— Eu não quis. Ela era tudo o que queria, tudo de que eu precisava. Além do mais, ela teria me dado uma surra. — (Ele sorri com carinho ao recordar.)
— Então, se ela era amiga da sua mãe, que idade tinha?
(Christian ri.)
— Idade suficiente para saber das coisas.

— Você ainda a vê?

— Sim.

— Ainda... hã...? — (Ana ruboriza.)

— Não. — (Ele sacode a cabeça e com um sorriso de desculpas.) — Ela é uma boa amiga.
— Sua mãe sabe?

(Ele a olha de forma óbvia.)

— Claro que não.

(A garçonete retorna com um prato de cervo, e Ana dá um longo gole no Pinot Grigio, evitando o olhar dele.)

“Nossa... essas revelações todas, é muita coisa para pensar. Preciso de tempo para processá-las, quando estiver sozinha, sem sua presença para me distrair. Ele é tão avassalador, tão prepotente, e agora vem com essa bomba. Ele sabe como é.”


— Mas não deve ter sido sempre assim — (ela diz confusa.)

— Bem, foi, embora eu não a visse o tempo todo, era... difícil. Afinal, eu ainda estava no colégio e, depois, na faculdade. Coma, Anastásia.

— Não estou com muita fome, Christian.
(A expressão dele se endurece.)

— Coma — (diz ele em tom baixo.)

(Ana olha para ele.)
— Só preciso de um minutinho — (ela murmura, e Christian pisca algumas vezes, confuso.)
— Tudo bem — (ele murmura e segue comendo.)
(Ana pega o garfo e a faca, e começo a cortar a carne.)

— É assim que a nossa, hum... relação vai ser? Você me dando ordens? — (ela pergunta num sussurro, sem olhá-lo.)
— É — (ele murmura.)

— Entendo.

— E você vai querer que eu faça isso — (ele acrescenta em tom grave.)
(Ela corta mais um pedaço de carne e aproxima dos lábios.)

— É um grande passo — (ela murmura e come.)
— É. — (Christian fecha os olhos por um segundo, quando os abre, está muito sério.) — Anastásia, você tem que seguir sua intuição. Faça a pesquisa, leia o contrato. Terei muito prazer em discuti-lo com você. Estarei em Portland até sexta-feira, se quiser falar comigo sobre isso antes. Ligue para mim. Quem sabe a gente possa jantar na quarta-feira? Eu quero muito fazer isso dar certo. Na verdade, nunca quis tanto uma coisa quanto quero isso.
(Ele olha intensamente para ela.)

“Sua sinceridade ardente e seu desejo se refletem em seus olhos. Basicamente é isso que eu não entendo. Por que eu? Por que não uma das quinze? Ah, não... Será que vou ser isso – um número? A número dezesseis entre muitas?”

— O que aconteceu com as quinze? — (ela lhe pergunta, de repente.)
(Christian ergue as sobrancelhas, surpreso, e move a cabeça conformado.)

— Várias coisas, mas tudo se resume a... — (Ele faz uma pausa, tentando encontrar as palavras.) — Incompatibilidade. — (Ele encolhe os ombros.)

— E acha que eu poderia ser compatível com você?

— Acho.

— Então não está saindo com mais nenhuma delas?

— Não, Anastásia, não estou. Sou monogâmico nas minhas relações.

— Entendi. — (Ana assente.)

— Faça a pesquisa, Anastásia.

(Ela abaixa o garfo e a faca, parando de comer.)

— Acabou? Só vai comer isso?

(Ela balança a cabeça assentindo, e morde o lábio inferior. Christian a olha de cara feia, mas decide não dizer nada.)

“Meu estômago está revirado com todas essas informações, e estou meio tonta por causa do vinho. Observo-o devorar o prato todo. Ele come feito um cavalo. Deve malhar para ficar tão em forma. A lembrança dele com aquela calça de pijama caída nos quadris me vem à mente espontaneamente. É uma imagem que desconcentra.”

(Ana se remexe desconfortável na cadeira, e Christian olha para ela, intrigado. Ela ruboriza.)
— Eu daria tudo para saber no que você está pensando agora — (ele murmura.)
(Ana ruboriza ainda mais, e Christian sorri perversamente para ela.)

— Posso adivinhar — (ele provoca.)

— Ainda bem que não pode ler minha mente.

— Sua mente, não, Anastásia, mas seu corpo... este eu passei a conhecer muito bem desde ontem. — (ele diz com a voz sugestiva.)
(Christian chama a garçonete com um gesto e lhe pede a conta. Depois de pagar, levanta-se e estende a mão para Ana.)

— Venha...
(Ele pega a mão dela e voltam para carro, seguem a viagem de Olympia para Vancouver em silêncio, ambos pensativos. Dá cinco horas da tarde quando ele estaciona em frente à porta da casa, as luzes acesas. Christian desliga o motor, e Ana olha para ele, não querendo se separar.)
— Quer entrar? — (ela pergunta.)
— Não. Tenho que trabalhar — ele diz simplesmente, a olhando com expressão insondável.)
(Ana olho para baixo, para as mãos entrelaçadas. Aproximando-se mais, ele pega uma das mãos dela e lentamente a leva à boca e beija suavemente a palma, a moda antiga. Ana fica sem fôlego.)
— Obrigado por este fim de semana, Anastásia. Foi... ótimo. Quarta-feira? Pego você no trabalho ou onde preferir. — (ele diz suavemente.)
— Quarta-feira — (ela sussurra.)
(Ele torna a beijar a mão e a coloca de volta do colo dela. Sai do carro, dá a volta até o lado de Ana e abre a porta. Ana sente uma profunda tristeza e uma vontade de chorar, mas força um sorriso no rosto, saindo do carro e se dirijindo para a porta. No meio da escada, ela se vira e olha para ele.)

— Ah... a propósito, estou usando sua cueca. — (Ana dá um sorrisinho para ele e puxa da Calvin Klein cima para que ele veja. Christian abre a boca, surpreso, e Ana vai para dentro de casa, toda alegre e confiante. Ele continua boquiaberto, mesmo após ela entrar em casa, e entra no carro, sorrindo como um bobo.)

(VG)
“Ela roubou minha cueca! Estou atordoado. E nesse instante não quero nada mais do que vê-la em minhas cuecas boxer... e só nelas.”

(Kate está na sala de estar, colocando seus livros em caixas.)

— Você voltou. Cadê o Christian? Como você está? — (Kate pergunta, nervosa, agarrando Ana pelos ombros e examina minuciosamente seu rosto.)

— E aí? Como foi? Eu não conseguia parar de pensar em você, isto é, depois que Elliot foi embora. — (Ela sorri maliciosamente.)
(Ana sorri, mas depois ruboriza.)
— Foi ótimo, Kate. Muito bom, eu acho — (Ana diz em tom tranquilo, tentando ocultar o sorriso.)
— Você acha?

— Não tenho nenhum termo de comparação, não é? — (ela encolhe os ombros.)
— Ele fez você gozar?

(Ana ruboriza ainda mais.)
— Sim — (responde, nervosa.)

(Kate a puxa para o sofá e elas se sentam. Ela segura as mãos de Ana.)

— Isso é ótimo. — (Kate a olha incrédula.) — Foi sua primeira vez. Nossa, Christian deve realmente saber o que se faz. — (Ana a olha hesitante.) — Minha primeira vez foi horrível — ela continua, com uma expressão triste.)
— É mesmo? — (Ana pergunta, querendo saber.)
— Sim. Steve Patrone. Ensino médio, o maior babaca. — (Ela encolhe os ombros.) — Ele foi bruto. Eu não estava pronta. Estávamos os dois bêbados. Você sabe, aquele típico desastre adolescente pós baile de formatura. Argh! Levei meses para decidir a tentar de novo. E não com ele, aquele covarde. Eu era muito nova. Você estava certa em esperar.
— Kate, que horror.
— É — (Kate diz melancólica.) — Levei quase um ano para atingir meu primeiro orgasmo com penetração, e você aí... de primeira?
(Ana concorda envergonhada.)

“Minha deusa interior está sentada em posição de lótus com uma expressão serena, apesar do sorriso maroto de autofelicitação.”

— Que bom que você perdeu a virgindade com alguém que não confunde cu com cotovelo. — (Kate dá uma piscadinha.) — Então, quando vai sair com ele de novo?
— Quarta-feira. Vamos jantar.

— Quer dizer que você ainda gosta dele?

— Gosto. Mas não sei quanto... ao futuro.

— Por quê?

— Ele é complicado, Kate. Sabe, vive num mundo muito diferente do meu — (Ana diz, ocultando a real razão.)

— Ah, por favor, não deixe que o dinheiro atrapalhe, Ana. Elliot disse que é muito raro Christian sair com alguém.
— Disse? — (Ana pergunta, alarmada.)


— Ana, o que foi?

— Só estou me lembrando de uma coisa que o Christian disse.

— Você está diferente — (Kate diz carinhosa.)

— Eu me sinto diferente. Dolorida — (Ana diz.)

— Dolorida?

— Um pouquinho. — (Ela ruboriza.)

— Eu também. Homens! — (Kate diz, fingindo repugnância.) — São uns animais. — (Elas desatam a rir.)
— Você está dolorida! — (Ana exclama, surpresa.)

— Estou... excesso de uso.

(Ana dá uma risada, e Kate a acompanha.)
— Conte-me sobre Elliot, o usuário — (Ana diz quando elas duas param de rir. Kate se ruboriza, e Ana ergue os olhos, surpresa, com a relação da amiga.)
— Ah, Ana — (Kate diz entusiasmada.) — Ele é muito... tudo. E quando estamos... ai... muito bom.




— Acho que você está tentando me dizer que gosta dele.
(Kate assente com a cabeça, sorrindo alegremente.)
— E vou sair com ele sábado. Ele vai ajudar com a nossa mudança.
(Kate junta as mãos, levanta do sofá e se dirige à janela fazendo piruetas.)

— Muito prestativo — (Ana diz, agradecida.) — Então, o que vocês fizeram ontem à noite? — (ela pergunta.)
(Kate inclina a cabeça para ela e levanta as sobrancelhas em um gesto óbvio.)
— Mais ou menos a mesma coisa que vocês fez, só que jantamos antes. — (Ela sorri para Ana.) — Você está bem mesmo? Parece meio perturbada.
— Eu me sinto perturbada. Christian é muito intenso.

— É, deu para perceber. Mas ele foi legal com você?

— Foi — (Ana a tranqüiliza.) — Estou com muita fome, quer que eu prepare alguma coisa?

(Kate concorda e pega mais dos livros para embalar.)

— O que quer fazer com os livros de quatorze mil dólares? — (Kate pergunta.)

— Vou devolver para ele.

— É mesmo?

— É um presente totalmente estapafúrdio. Não posso aceitar, sobretudo agora. — (Ela sorri, e Kate concorda.)

— Entendi. Chegaram duas cartas para você, e José está ligando de hora em hora. Parece desesperado.
— Vou ligar para ele — (Ana murmura evasiva. Pega as cartas na mesa e as abre.)
— Ei, tenho entrevistas! Daqui a duas semanas, em Seattle, para um estágio!
— Em que editora?

— Nas duas!
— Eu disse que suas notas abririam portas, Ana.

— Como Elliot está se sentindo em relação a sua viagem? — (Ana pergunta a ela.)

(Kate se dirige para a cozinha, desconsolada.)
— Ele é compreensivo. Uma parte de mim não quer ir, mas é tentador pegar um pouco de sol por umas semanas. Além do mais, mamãe está lá, achando que será nosso último fim de semana em família antes que Ethan e eu entremos no mundo do emprego assalariado.
(O telefone toca.)

— Deve ser o José.

(Ana suspira e atende.)

— Oi.

— Ana, você voltou! — (exclama José aliviado.)

— É óbvio. — (ela respondo com tom sarcástico e revira os olhos para o telefone. José fica em silencio por um momento.)

— Posso ver você? Quero pedir desculpas por sexta-feira à noite. Estava bêbado... e você... Bem, Ana, me desculpe, por favor.
— Claro que desculpo, José. Só não faça isso de novo. Você sabe que eu não sinto o mesmo que você.
(Ele suspira profundamente, com tristeza.)

— Eu sei, Ana. Só achei que, se eu pudesse beijá-la, você talvez começasse a gostar de mim.
— José, gosto muito de você, você é muito importante para mim. É como o irmão que eu nunca tive. Isso não vai mudar. Você sabe disso.
— Então você agora está com ele — (José diz com desdém.)

— José, não estou com ninguém.

— Mas passou a noite com ele.

— Isso não é da sua conta!

— É o dinheiro?

— José! Como se atreve! — (Ela grita, espantada pelo atrevimento dele.)
— Ana — (José choraminga, em tom de desculpa.)
— Talvez a gente possa tomar um café ou qualquer outra coisa amanhã. Eu ligo para você — (ela diz em tom conciliador.)
— Amanhã, então. Você me liga? — (José pergunta com a voz esperançosa.)

— Ligo... boa noite, José. — (Ela desliga, sem esperar por uma resposta dele.)

— O que foi isto? — (Katherine pergunta-me com as mãos nos quadris.)
— Ele tentou me beijar na sexta-feira.

— José? E Christian Grey? Ana, seus feromônios devem estar fazendo hora extra. O que aquele idiota estava pensando? — (Ela sacode a cabeça com desgosto e segue empacotando.)

(Alguns minutos mais tarde, as duas fazem uma pausa para comerem a lasanha que Ana fez. Kate abre a garrafa de vinho e elas se sentam para comer entre as caixas, bebendo vinho tinto barato e vendo televisão. Kate recolhe os pratos enquanto Ana acaba de empacotar o que fica na sala de estar, só deixando o sofá, a televisão e a mesa. O telefone volta a tocar, e Kate vê que é Elliot, ao atender. Ela dá uma piscadinha para Ana e vai para o seu quarto, saltitando como uma adolescente. Ana toma outro gole de vinho e faz uma rápida busca por algum programa de TV, apoiando a cabeça nas mãos.)

“José e Christian, ambos querem algo de mim. Com José é fácil lidar. Mas Christian... Ele exige um tratamento e uma compreensão totalmente diferentes. Uma parte de mim quer fugir e se esconder. O que vou fazer? Visualizo aqueles olhos cinzentos e aquele olhar intenso e apaixonado, e meu corpo se contrai com a imagem. [...] Ele nem está aqui e estou excitada. Não pode ser só sexo, não é? Lembro-me de uma brincadeira delicada hoje no café da manhã, de sua alegria pelo meu entusiasmo com a viagem de helicóptero, de como ele toca piano – aquela música doce, comovente e tão triste. Ele é uma pessoa muito complicada. E agora começo a entender por que. Um jovem privado da adolescência, abusado sexualmente por uma pervertida. Mrs. Robinson da vida... não admira que aparente ser mais velho do que é. Meu coração se enche de tristeza, imaginando as coisas pelas quais deve ter passado. Sou muito ingênua para saber exatamente o que, mas a pesquisa deve me dar alguma luz. Será que quero mesmo saber? Será que quero explorar esse mundo sobre o qual nada sei? É um passo muito grande. Se não o tivesse conhecido, eu ainda estaria na doce e feliz ignorância. Minha mente se deixa arrastar para ontem à noite e hoje de manhã... e a incrível e sensual sexualidade que experimentei. Quero dizer adeus a isso? Não!, exclama meu inconsciente... minha deusa interior balançando a cabeça concordando com ele num silêncio zen.”



(Kate volta para a sala de estar, sorrindo de orelha a orelha, Ana olha para ela, boquiaberta, estranhando.)
— Ana, vou me deitar. Estou bem cansada.

— Eu também, Kate.
(Kate abraça Ana.)
— Ainda bem que você voltou inteira. Christian tem alguma coisa estranha — (Kate acrescenta em voz baixa, em tom de desculpa. Ana sorri de forma tranqüilizadora.)
(Ana pega sua bolsa e segue desanimada para o quarto. Ela se senta na cama, tira o envelope pardo de dentro da bolsa com cautela, revirando-o nas mãos, indecisa. Respira fundo e abre o envelope.)

* * *

(VG)

(Christian termina o trabalho que está fazendo e toma um gole de Sancerre. Ele verifica uns e-mails, respondendo-os.)

“Estou agradavelmente cansado. Foram as cinco horas de trabalho? Ou toda a atividade sexual na noite passada e esta manhã? Memórias da deliciosa senhorita Steele invadem minha mente: no Charlie Tango, na minha cama, na minha banheira, dançando em volta da minha cozinha. E pensar que tudo começou aqui na sexta-feira... e agora ela está considerando a minha proposta.”


(Christian volta a verificar os e-mails, esperando algum de Ana, mas nenhum chega. Dois minutos depois, há uma mensagem de Andrea sobre o novo endereço de e-mail de Ana, e assegurando que o MacBook seria entregue no dia seguinte. Ele digita um e-mail para Ana.)


De: Christian Grey

Assunto: Seu novo computador

Data: 22 de maio de 2011 23:15

Para: Anastasia Steele


Prezada Srta. Steele,

Creio que tenha dormido bem. Espero que faça bom uso deste laptop, como discutimos.

Aguardo ansioso o jantar de quarta-feira.

Responderei com prazer a quaisquer perguntas antes disso, por e-mail, se a senhorita assim o desejar.

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings, Inc.



(O e-mail não volta, e ele pega um livro de economia para ler, sentando-se no sofá da suíte.)

“Uma imagem de uma jovem mulher escovando os cabelos longos e escuros me vem à mente; seu cabelo brilha na luz da janela amarelada e rachada, e o ar é preenchido com partículas de poeira dançando. Ela está cantando baixinho, como uma criança. Eu tremo. Não vá lá, Grey.”


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